terça-feira, 29 de novembro de 2011

COLUNA DO ARTHUR NETO - ITÁLIA


ITÁLIA


Lisboa – A Itália é a terceira potência econômica da zona do euro e, portanto, sua crise, do ponto de vista da estabilidade regional, é muito mais grave que a da Grécia, por exemplo. Se ela não for resgatada, a União Europeia estará praticamente desfeita, levando de roldão toda a arquitetura político-econômica penosa e pacientemente montada por Helmut Kholl e pelos demais estadistas do seu tempo.

Nesse país, os títulos de 10 anos já correspondem a pesados juros de 7%. O desajuste fiscal é gritante. O baixo crescimento ameaça as soluções visualizadas. O desemprego é elevado. A crise política que culminou com a renúncia de Sílvio Berlusconi da chefia do governo foi fator desestabilizador o tempo todo.

Berlusconi protagonizou uma das páginas mais vergonhosas da política de seu país. Seu comportamento cafajeste tirou-o das páginas sóbrias para os espaços policiais e de intrigas da imprensa mundial.

Figura felliniana, promovia bacanais até com jovens menores de idade, dando, ele próprio, o nome de "bunga-bunga" a tais eventos. Sem compostura, referiu-se grosseiramente à chanceler alemã Ângela Merkell como "aquela gorda incomível", apesar de, dias depois, ter de passar pelo constrangimento de se reunir com ela e demais chefes de governo da zona do, euro, ouvindo mais do que falando e tendo sobretudo de ver e ouvir a incontestável liderança europeia de Merkell.

A solução até poderia sair jogando-se na água Grécia e Portugal, que, juntos, somam menos que 6% do PIB da zona do euro. Mas não pode sair sem o resgate de Itália e Espanha que, no conjunto, atingem quase 30% desse mesmo PIB. Logo, como do ponto de vista político, qualquer país que abandone o euro poderá representar o símbolo da quebra de unidade. O bom senso manda que Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia, a chamada troica, raciocinem economicamente, salvando Itália e Espanha, também politicamente, fazendo o mesmo com a Grécia e com Portugal.

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