sábado, 14 de janeiro de 2012


NADA A COMEMORAR

Lisboa – Contrariando os prognósticos dos analistas econômicos mais respeitáveis do País e a própria expectativa inconfessada do Banco Central, o governo conseguiu fechar 2011 com a inflação exatamente no teto da meta: 6,5%. O ultimo IPCA veio na medida em que evitou o constrangimento de o BC ter de escrever carta à Nação, desculpando-se e explicando as razões da falha.

Nada a comemorar, porém. A equipe econômica chefiada por Guido Mantega sabe que foi preciso maquiar o cálculo dos índices inflacionários: cortaram a CIDE e adiaram a entrada em vigor do imposto sobre o cigarro e, com isso, disputaram verdadeira final de Copa do Mundo contra a superação do teto da meta.

O resultado final foi pífio: inflação real acima de 6,5%, inflação maquiada de 6,5% e crescimento inferior a 3%. Além disso, perspectiva de inflação bem acima do centro da meta, contra crescimento, novamente em torno de 3%, neste 2012.

Vale esclarecer que o centro da meta estabelecido pelo Banco Central é excessivamente alto e condescendente para uma economia civilizada. O teto então chega a ser abusivo.

Basta dizer que o centro da meta na Colômbia é 3% e, apesar disso, esse país cresce mais que o Brasil. No Peru é 2% e, em que pese tanta rigidez, o crescimento econômico por aquelas bandas tem sido sustentável e espetacular.

Dilma não aproveita sua numericamente formidável base de apoio parlamentar para implementar reformas estruturais que catapultariam o Brasil para o verdadeiro desenvolvimento. Repete Lula, o imediatista, que fugiu das reformas em nome de uma popularidade que não serviu à sociedade e não lhe garantirá lugar de honra na História.

A base parlamentar de Dilma, aliás, serve mesmo é para promover escândalos e brigar vorazmente por cargos de primeiro e segundo escalão. A presidente pode passar seu quatriênio às voltas com inflação alta, crescimento medíocre e intermináveis explosões de corrupção em seu governo.

Tempo para mudar substantivamente o quadro ela tem. Vontade política, parece que não tem nenhuma.

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BORDER LINE

BRIZOLA

Lisboa – Ontem falamos aqui de Adoniran Barbosa, Domingos da Guia, Evandro Lins e Silva, Jorge Amado, Luís Gonzaga, Mazzaroppi e Nelson Rodrigues (infelizmente já falecidos) e de Oscar Niemeyer, graças a Deus bem vivo e produtivo aos 104 anos de idade. Não dá para esquecer que, no próximo dia 22, o grande brasileiro Leonel Brizola, por quem eu tinha enorme afeto pessoal e com quem mantinha mil discordâncias políticas e econômicas, estaria completando 90 anos, ele que nasceu em 1922. Impediu o golpe de Estado de 1961, contra a posse do presidente constitucional João Goulart, levantando primeiro o Rio Grande do Sul, que governava com paixão, e a seguir todos os brasileiros democratas de todos os rincões, através das ondas corajosas da Cadeia da Legalidade. Minhas saudades pessoais e minhas homenagens públicas ao homem público digno, que errou e acertou muito, porém jamais abandonou suas convicções. 

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012


PREOCUPANTE

Lisboa – A última edição de Veja de 2011 traz alentada matéria sobre a percepção do mundo sobre o Brasil, a partir de pesquisa CNT/SENSUS. No capítulo sobre a Amazônia, surgem dados preocupantes: para 41% dos americanos, o Brasil deve preservar a floresta amazônica de acordo com regras internacionais; 3% consideram que a floresta deve ser internacionalizada. Para 47% dos franceses, as regras devem ser internacionais, com 30% defendendo a internacionalização. Números deveras preocupantes.

64% dos alemães entendem que as regras para a preservação da floresta devem ser internacionais e 10% opinam pela internacionalização. 23% dos russos pensam que as regras de administração da floresta devem ser internacionais e 16% são pela internacionalização. 71% dos japoneses julgam adequado submeter a floresta a regras internacionais e 16% pregam a internacionalização. 29% dos sul-africanos são pelas regras internacionais e 5% pela internacionalização.

Na média desses seis países, quase 46% dos entrevistados consideram que o Brasil não é capaz de estabelecer regras competentes e responsáveis para a gestão da floresta e quase 12% são favoráveis à pura e simples internacionalização. Aliás, fico sem saber qual seria mesmo a diferença entre "administrar a floresta amazônica de acordo com regras internacionais" e "internacionalizá-la".

A primeira hipótese sugere uma sutileza, que não resistiria a uma simples pergunta: se as regras passassem a ser internacionais, a fiscalização do cumprimento das mesmas também o seria? E como fazer essa fiscalização, em caso de suposto descumprimento? Manu militari? Ora, sem presença militar estrangeira na área, o Brasil poderia desrespeitar as tais regras sem pagar preço algum. Se sobreviesse a figura da presença militar, a área estaria ou não, de fato, internacionalizada?

Se considerarmos que as duas hipóteses, no fundo, significam a mesma coisa, temos que, nos seis países aqui citados, 57,5%% dos entrevistados são, de uma forma ou de outra, favoráveis à internacionalização da Amazônia. Se excluirmos do cálculo a África do Sul, que detém peso geopolítico e militar pouco expressivo, essa média subirá para 62%.

Raciocinando com o fato de que a Amazônia brasileira significa 60% do total, porém há outros países "amazônicos", perceberemos que há, sim, um sentimento mundial contrário à soberania dessas nações sobre a enorme riqueza existente na floresta. A ideia básica é que, em virtude da grave questão climática e da fortuna que a biodiversidade da região encerra, não deveria caber aos países aos quais, hoje, pertence a floresta.

Não sei o que leva a opinião pública estrangeira a acreditar que uma administração internacional agiria melhor do que nós, brasileiros, somos capazes de realizar. Nós e os demais países "amazônicos".

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

COLUNA DO ARTHUR NETO


ACORDA AMAZONAS!

Lisboa – Temos de agir com altivez, diante dos poderosos. A presidente Dilma Rousseff esteve em Manaus, disse desconhecer que o gasoduto ainda está inoperante, prometeu acabar com o vexame dos apagões e, de lambuja, ofereceu, "de presente" a nossa cidade, pelo seu aniversário, a prorrogação da Zona Franca por mais 50 anos. Essa mesma Zona Franca que ela própria está matando aos poucos, com suas Medidas Provisórias, seus Decretos e perigosas Portarias Ministeriais.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

A COMPOSIÇÃO DO CAS DISTORCE O MODELO ZONA FRANCA. AS FORÇAS DO SUL, REPRESENTADAS PELOS MINISTÉRIOS BLOQUEIAM AS AÇÕES DA SUFRAMA. ALIÁS, BASTAM O MDIC E O MCTI PARA "SABOTAR" O DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO.


ALTERAR A COMPOSIÇÃO DO CAS AJUDA A MELHORAR A SUFRAMA

Enquanto a SUFRAMA não voltar a ser uma verdadeira AUTARQUIA e não ter a composição do CAS alterado para desequilibrar a atual paridade de votos, ela continuará sendo uma figuração no nosso desenvolvimento regional. Da forma que está só ganha as empresas ISOLADAMENTE com seus lucros não partilhados com a sociedade, sem gerar nenhum efeito desenvolvimentista relevante, em especial para o interior do Estado.

Os votos das Classes Produtivas, Empresários e Trabalhadores, que hoje são DOIS, deveriam ser DOIS de cada Estado. As entidades de classe poderiam liderar um movimento para alterar a composição do CAS, introduzindo os votos da sociedade civil organizada dos Estados, UM voto de cada, desequilibrando, desse modo, a máquina federal que "amarra" as decisões da AUTARQUIA.

O CAS está composto assim: Classes Empresariais, UM voto; Classes dos Trabalhadores, UM voto; Governos Estaduais, QUATRO votos; Prefeituras, QUATRO votos; e Governo Federal, ONZE votos.

THOMAZ NOGUEIRA TEM O GRANDE DESAFIO DE DESEQULIBRAR A PARIDADE DO CAS, INTRODUZINDO A SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA, COM VOTOS IGUAIS AOS DOS GOVERNOS FEDERAL E ESTADUAIS.


AUTARQUIA SEM PODERES

Desejo todo o sucesso ao amigo Thomaz Nogueira como novo titular da Superintendência da Zona Franca de Manaus, apesar de não acreditar mais nela como instrumento de desenvolvimento. 


Ao longo do tempo a SUFRAMA perdeu seu poder de AUTARQUIA, que se pressupõe uma administração baseada no poder absoluto do seu dirigente, com autonomia administrativa, inclusive quanto a seu patrimônio e sua receita, com autossuficiência interna o bastante para que suas decisões sejam colocadas em prática com mais rapidez, prescindindo de normas e outros estímulos externos, como aprovação de PPB por outros órgãos da Administração Federal, para produzir eficácia.

Os primeiros Superintendentes tinham status de  Ministros e despachavam diretamente com o Presidente da República. 


Ultimamente o Dirigente do Órgão não é mais recebido nem pelo Ministro da área. Segundo alguns parlamentares, Flávia Grosso chegava a ser atendida nos corredores do Ministério de Desenvolvimento.

O prestígio da SUFRAMA pode ser medido pela importância que o Governo Federal atribuiu à posse do novo Superintendente, que não contou com a presença da Presidente da República nem do titular do Ministério de Desenvolvimento, Fernando Pimentel, sendo representado por seu Secretário Executivo, Alessandro Teixeira.

Para mim, o modelo Zona Franca morreu e só falta enterrar o seu cadáver.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

TEMPO DE POESIAS! UMA HOMENAGEM A FERNANDO PESSOA.


POEMA DE CANÇÃO SOBRE A ESPERANÇA
(Fernando Pessoa)


Dá-me lírios, lírios,
E rosas também,
Mas se não tens lírios,
Nem rosas a dar-me,

Tem vontade ao menos
De me dar os lírios
E também as rosas,
Basta-me a vontade,
Que tens, se a tiveres,
De me dar os lírios
E as rosas também,
E terei os lírios –

Os melhores lírios –
E as melhores rosas
Sem receber nada,
A não ser a prenda
Da tua vontade
De me dares lírios
E rosas também.

HOMANAGEM À DRUMOND. ATRASADA OU ADIANTADA?

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=99993


COLUNA DO ARTHUR


PESADELO
Lisboa – Manaus, na última sexta-feira, ficou completamente às escuras. Os assaltos se intensificaram, a população viveu verdadeiro pesadelo.

Não importam as explicações apresentadas pela Manaus Energia. O fato é que não cabe uma metrópole de dois milhões de habitantes, em plena segunda década do século XXI, continuar enfrentando problema que era próprio no início da segunda metade do século passado.

A presidente Dilma Rousseff visitou recentemente nossa capital e se declarou surpresa com o fato de o gasoduto ainda não estar em funcionamento. Fiquei chocado. Não é ela, afinal, a "gerentona" dura, bem informada sobre todos os temas afetos a sua gestão, inclemente com assessores incompetentes? Ou estaria aí mera jogada de marketing eleitoral posta em prática pelo talentoso e (muito) caro João Santana?

Mais: antes de sair de Manaus, declarou peremptoriamente que o vexame iria acabar. E o que temos visto é o agravamento do quadro, com todas as repercussões econômicas, sociais e psicológicas daí advindas.

Se o gasoduto não estava pronto, ele que foi vergonhosamente superfaturado, por que o inauguraram? Imagino que nosso povo tenha percebido que caiu em terrível golpe eleitoreiro. Penso, inclusive, que governante que inaugurasse obra inacabada deveria estar sujeito a rigoroso processo penal.

Precisamos dar um basta nessa política lamentável e medíocre do "me engana que eu gosto", sinceramente.

COLUNA DO ARTHUR NETO


ESTAMOS INDEFESOS

Lisboa – Falamos ontem na desmedida potência militar que os Estados Unidos representam e na necessidade de o Brasil reaparelhar Exército, Marinha e Aeronáutica, de modo a se tornar efetivamente capaz de proteger seu povo, seu território e, dentro deste, muito especialmente a Amazônia. Insisto em que não temos, felizmente, vocação imperial, mas que, nem por isso, poderemos permanecer indefesos diante de eventuais ataques externos.

Lembro-me da patacoada que a última ditadura argentina patrocinou. Ditador que chegara ao pico da impopularidade, o general Leopoldo Galtieri resolveu unir a Nação em torno da chamada Guerra das Malvinas, contra a poderosa Inglaterra.

O sentimento nacional se inflamou. As pesquisas de opinião passaram a mostrar um Galtieri popularíssimo. Os argentinos passaram a se achar capazes de impor fragorosa derrota ao gigante britânico.

Quando o encouraçado Belgrano saía do cais de Buenos Aires, a cidade inteira estava lá, as bandeiras e os lenços tremulando ao vento. Mais do que euforia, aquilo era mesmo um brutal delírio.

E o Belgrano singrou as águas cheio de pompa, até que, informado por satélite americano, um torpedeiro o localizou e, com um só disparo, afundou-o cirúrgica e impiedosamente. Foi verdadeiro anticlímax.

Nas Malvinas propriamente ditas, soldados ingleses adestrados e acostumados ao combate, armados do que havia de mais eficaz à época, ainda por cima vestiam roupas leves, porém térmicas, diante de inimigos inexperientes, trajando roupas pesadas que protegiam pouco do frio, armados como se estivessem na Segunda Grande Guerra. Aviões ingleses pousavam na neve, capazes que eram de descer e decolar praticamente sem pista nenhuma. Foi um morticínio.

Grupos de elite encontravam 10 ou 12 argentinos dormindo e, menos interessados em matar do que em fazer guerra psicológica, degolavam três ou quatro, para que os sobreviventes, ao acordar, se deparassem com a cena dantesca e se desarvorassem por inteiro. A debandada foi geral

Perdida a guerra, a ditadura definhou de vez, caiu e o velho caudilho Juan Perón, sem sair da Espanha, elegeu presidente da República seu preposto Hector Campora, que renunciou para que novas eleições se processassem e o peronismo pudesse eleger a segunda esposa do líder, Isabela Martinez de Perón.

A palermice de Leopoldo Galtieri custou muito à Argentina. Custou a possibilidade de edificação de um projeto de país. Custou, por exemplo, diante de fiscais americanos e ingleses, o país do tango e do futebol bonito ter sido obrigado a destruir armas e equipamentos militares.

A ditadura argentina foi colher lã e saiu tosquiada.

SERÁ QUE ESTES FATOS SÃO VERDADEIROS?


MARQUE SIM OU NÃO.

1.      O PAULO BERNARDO - MINISTRO DAS COMUNICAÇÕES É MARIDO DA SENADORA GLEISI HOFFMANN - CHEFE DA CASA CIVIL.
SIM


NÃO


2.      O GILBERTO CARVALHO - SECRETÁRIO GERAL DA PRESIDÊNCIA É IRMÃO DA MIRIAN BELCHIOR, MINISTRA DO PLANEJAMENTO.
SIM


NÃO


3.      ESSA MIRIAN BELCHIOR JÁ FOI CASADA COM O CELSO DANIEL, EX-PREFEITO DE SANTO ANDRÉ, QUE MORREU ASSASSINADO.
SIM


NÃO


4.      A DOUTORA ELIZABETE SATO, DELEGADA QUE FOI ESCALADA PARA INVESTIGAR O PROCESSO SOBRE O ASSASSINATO DO PREFEITO DE SANTO ANDRÉ, CELSO DANIEL, É TIA DE MARCELO SATO, MARIDO DA LURIAN, QUE, APENAS POR COINCIDÊNCIA, É FILHA DO EX-PRESIDENTE LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA.
SIM


NÃO


5.      MARCELO SATO, O GENRO DO EX-PRESIDENTE DA REPÚBLICA, É SOBRINHO DA DELEGADA ELISABETE SATO, TITULAR DO 78º DP, QUE DEMOROU SÉCULOS PARA CONCLUIR QUE O CASO CELSO DANIEL FOI UM "CRIME COMUM", SEM MOTIVAÇÃO POLÍTICA.
SIM


NÃO


6.      TAMBÉM APENAS POR COINCIDÊNCIA, MARCELO SATO É DONO DE UMA EMPRESA DE ASSESSORIA QUE PRESTA SERVIÇOS AO BESC - BANCO DE SANTA CATARINA (FEDERALIZADO).
SIM


NÃO


7.      JORGE LORENZETTI (CHURRASQUEIRO OFICIAL DO PRESIDENTE LULA E UM DOS PETISTAS ENVOLVIDOS NO ESCÂNDALO DA COMPRA DE DOSSIÊS) É UM DOS DIRETORES DO BESC.
SIM


NÃO


8.      E AINDA, POR OUTRA INCRÍVEL COINCIDÊNCIA, O MARIDO DA SENADORA IDELI SALVATTI (PT) É O PRESIDENTE DO BESC.
SIM


NÃO


segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

COLUNA DO ARTHUR NETO


LUTA BOA
   
Lisboa – Bem recentemente, vimos o combate entre o holandês Alistair Overeeem e o americano Brock Lesnar. Não sou de apostar, mas, se fosse, teria jogado todas as fichas no primeiro. E foi o que aconteceu, de fato, na hora da verdade.

Subiu ao octógono um Lesnar visivelmente fora de forma e visivelmente estagnado em sua forma de lutar. Achei-o, inclusive, menos musculoso do que sempre foi. Seu oponente, três quilos mais leve, trazia consigo 117 quilos de pura musculatura. Ambos "bombados", sem dúvida. Overeem, mais do que "bombado", nem parecia o jovem esguio e até ingênuo, excelente apenas no muai thai, que foi tratorizado por Maurício Shogun, nos tempos áureos do Pride japonês.

Naquela edição do Pride, Ricardo Arona derrotou Wanderlei Silva em três rounds duríssimos e Shogum não encontrou a menor dificuldade para finalizar Overeem. Na mesma noite, na final do meio pesado, um Arona bastante contundido e cansado, perdeu para um Shogun zero quilômetro. Em condições iguais, o Arona daqueles tempos era páreo para qualquer um. Basta dizer que enfrentou o, à época, invencível Fedor Emilianenko, derrubou-o quando e como quis e perdeu porque os juízes não analisaram a luta honestamente.

Voltando a Brock e Overeem, temos que um foi campeão pesado do UFC e o segundo foi campeão do Strikeforce, que hoje pertence aos donos do UFC: os irmãos Ferttita e Dana White. O holandês simplesmente espancou o americano, que reage mal na adversidade. Não consigo enxergar nele o espírito do lutador. Excelente wrestler, faz algum boxe, conhece rudimentos de iu-jitsu e, sobretudo, é extraordinariamente forte. Talvez viciado nas marmeladas do "pro-wrestling", toda vez que é testado, corre da rinha, diferente de um Minotauro, que encarna o espírito dos grandes samurais, diferente de um Wanderlei, que não se amedronta diante de nada nem de ninguém.

Com essa vitória, Alistair Overeem ganha o direito de disputar o título de Junior "Cigano" dos Santos. Sou mais o brasileiro. Mais jovem, muito forte também, detentor de preparo físico invejável, está muito bem em todos os fundamentos: já é faixa preta de jiu-jitsu, conhece um certo wrestling e um certo muai-thai, boxeia tão bem, a ponto de pensar em disputar lutas profissionais nessa modalidade. Overeem é excelente no muai thai, tem experiência de ringue e de octógono, brilhou no K-1 japonês (só trocação) e melhorou no jogo de chão, sem ser nenhum especialista.

Claro que em se tratando de dois pesos pesados, pode dar qualquer resultado. Um soco bem encaixado nocauteia mesmo. É luta, aliás, para terminar antes dos cinco rounds previstos. Mas a lógica prognostica a favor de Cigano, que deve manter seu título, à espera de novo desafiante, quem sabe concedendo a revanche a Cain Velásquez, quem sabe, se Dana White quiser promover um lutaço, enfrentando Jon Jones que, normalmente, pesa 118 quilos, pesa 93 na véspera das lutas e sobe ao octógono já comuns 106 ou 108.

Considero um despropósito deixarem um homem com aquele tamanho e aquela força, com 2,14 m de envergadura – um verdadeiro condor brasileiro que tem um metro de altura e 2,15 m de asas abertas – lutar contra meio pesados autênticos como Lyoto, Shogun e outros tais. A praia de Jon Jones deveria ser a dos pesados, competindo com Cigano, Overeem, Minotauro, Frank Mir, James Carwin e Brock Lesnar. Nada de fazê-lo lutar com um Anderson Silva de 36 anos e bem mais leve. Assim como é negativo fazer George Saint Pierre encarar Anderson. Anderson muito dificilmente se criaria diante de Jones e GSP não teria grandes chances frente a Anderson.

Pelo que parece, Jones vai varrer a categoria dos meio pesados e o jeito vai ser jogá-lo na de cima, onde ele poderá brilhar, porém onde não passeará. MMA, afinal, não é Disneylândia.