sábado, 5 de maio de 2012

"Foi um debate superinteressante, com cada candidato podendo interromper o outro para expressar sua divergência (o que tornou o encontro mais tenso) ou até a virulência e a clareza de ataques. Quem votar não poderá dizer que foi enganado."


VERDADE EMPLUMADAS

Fui ver o filme "Sete Dias com Marilyn" sem grandes expectativas. Simpatizo com Marilyn Monroe e não acreditava que fosse possível representá-la. Mas não é que Michelle Williams consegue nos transmitir uma Marilyn de verdade! Ou pelo menos em sua fragilidade, no uso como poucas da sedução, na graciosidade e como manipuladora-mor. Sem esquecer o amor da câmera pela sua luz, como disse Laurence Olivier rendendo-se a ela: "Maravilhosa, nenhum treino, nenhuma técnica, só puro instinto!". Isso é o que ele pensa.
Provavelmente foram anos de lapidação de uma sobrevivente.
Essa "verdade" que acaba sendo transmitida nas telas - e que, por isso, não precisaria de treino - irrompeu quando eu seguia o debate entre os candidatos à Presidência da França. Foi forte a minha percepção: de um lado, um pavão, talvez um "poseur", e do outro, um galinho de briga, controlado, mas com olhar de fúria. O treino do mundo dificilmente encobre o que os espectadores sentem sem se darem conta. Foi um debate superinteressante, com cada candidato podendo interromper o outro para expressar sua divergência (o que tornou o encontro mais tenso) ou até a virulência e a clareza de ataques. Quem votar não poderá dizer que foi enganado. Aos poucos, o jeito firme e sereno de Hollande, o candidato socialista, foi transparecendo, e a ironia defensiva e raivosa de Sarkozy foi se impondo sobre os personagens criados. questões centrais (economia e desemprego) passaram longe. O que predominou foram as cobranças do socialista ("Você trabalha para os privilegiados") e acusações, como "caluniadorzinho" e a palavra "mentira" repetidas incessantemente por Sarkozy.
Ele não escondeu o profundo desprezo que sente por Hollande, e este não conseguiu conter sua aversão por Sarkozy. O presidente francês empenhou-se em mostrar a tibieza e a inexperiência do candidato da oposição. Não conseguiu. Ao contrário, Hollande se apresentou calmo e com respostas sólidas às provocações mais pesadas. O "galo de briga" foi ficando cada vez mais raivoso e desrespeitoso, e o "pavão", mais humano, fazendo uso controlado da ironia na qual é um expert.
O refrão "Eu, presidente, farei...", usado todo o tempo por Hollande, foi muito forte, e me chamou a atenção a não reação do atual presidente. O socialista apropriou-se do status do adversário e se fez como chefe de Estado -o que é mortal num debate que visa a desqualificação da inexperiência.
Assim como Marilyn, todos se mostraram nas suas idiossincrasias, roupagens e manhas. Gestos concretos, como fez Sarkozy ao retirar o relógio de pulso e escondê-lo no bolso antes de cumprimentar a turba ignara, também falam. Quem ganha?

Folha de S.Paulo / Opinião / Verdades Emplumadas / Marta Suplicy / 05/05/2012

"Os partidos anti-Dilma não encontraram um bom discurso até agora. Apenas resmungam que o governo está "tirando dos mais pobres".


DILMA SURFA

BRASÍLIA - Três fatores serão determinantes para o sucesso da atual cruzada de Dilma Rousseff contra os bancos privados e a favor de uma queda nas taxas de juros.
Primeiro, a população terá de entender e apoiar a modificação na remuneração da caderneta de poupança. O modelo era simples e ficou menos inteligível para o cidadão médio. Mas, como a alteração foi minimalista, há chance real de o governo ganhar a disputa política. Os partidos anti-Dilma não encontraram um bom discurso até agora. Apenas resmungam que o governo está "tirando dos mais pobres".
O argumento da oposição é precário. A poupança inalterada seria o porto seguro para rentistas ricos num cenário de juros baixos.
A rigor, a oposição só se dará bem se Dilma fracassar na tentativa de forçar uma queda dos juros cobrados aos consumidores. Esse é o segundo fator relevante para a atual estratégia presidencial.
Mas já está claro que alguma queda de juros haverá -embora ninguém se arrisque a cravar qual será o patamar final. Se o efeito for sentido pelos brasileiros que pagam faturas atrasadas de cartão de crédito, estará neutralizado o discurso dos partidos anti-Dilma.
Nessa hipótese plausível de juros em queda, a presidente dirá que a poupança teve uma perda de rendimentos compensada pelos juros mais baixos cobrados pelo comércio e pelos bancos.
Chega-se então ao terceiro componente dessa equação imaginada no Palácio do Planalto: a economia terá de apresentar até dezembro um desempenho melhor na comparação com 2011. Essa é uma previsão sempre arriscada. Já há sinais de um Natal com vendas mais aquecidas, porém é notório como esses vaticínios são frágeis no Brasil.
Feitas as ressalvas de praxe, é visível a existência de uma conjuntura mais pró-Dilma do que contra ela. A presidente surfa uma boa fase.

Folha de S.Paulo / Opinião / Dilma Surfa / Fernando Rodrigues / 05/05/2012

MINHAS HOMENAGENS AO TINOCO, GRANDE CANTADOR DO BRASIL!


quinta-feira, 3 de maio de 2012

"O socialista francês politiza o combate que a brasileira prefere limitar à tecnicalidade."


A GUERRA DE DILMA. E A DE HOLLANDE

PARIS - Já têm algo em comum duas personalidades tão diferentes como Dilma Rousseff e François Hollande, o líder socialista francês que as pesquisas dão como vencedor das eleições de domingo.

Ambos estão em guerra com a banca. Está bem que Gilberto Carvalho, o secretário-geral da Presidência, diga que "não se trata de guerra", mas de "convencer o sistema financeiro de que cada um tem que dar sua cota para que o Brasil sobreviva num momento de crise".

Retórica à parte, é guerra, sim, senhor. Hollande nem trata de disfarçar: é guerra mesmo. Logo que se tornou candidato, deixou claro que seu "verdadeiro inimigo" é o sistema financeiro, que "não disputa eleições, mas governa".

A diferença entre a guerra de Dilma e a de Hollande se deve acima de tudo ao jeito de ser de cada um. Hollande é um animal político por excelência e, por isso, politiza o combate. Politizou-o, ademais, ao lado de dois outros líderes da social-democracia europeia, o alemão Sigmar Gabriel e o italiano Pierluigi Bersani, secretário-geral do Partido Democrático.
"Não aceitaremos que as finanças escapem ao controle da política", afirmaram os três quando se encontraram em janeiro.
Dilma, menos política e mais gerente, prefere circunscrever sua guerra à tecnicalidade dos juros, item relevante, mas que nem remotamente abarca a totalidade do confronto política-banca tal como colocado por Hollande e seus pares.
Se Dilma acha que o problema dos juros obedece a uma "lógica perversa", está dando a ele uma dimensão que deveria ir além da tecnicalidade.
É o que Hollande promete fazer: aumentar 15% o imposto que grava os lucros das entidades financeiras; obrigar os bancos a separar suas atividades tradicionais (captar dinheiro do público e emprestá-lo) de suas operações especulativas; proibir de forma expressa os produtos financeiros ditos "tóxicos" (grandes responsáveis pela crise de 2008); impedir que os bancos francesas tenham atividades em paraísos fiscais; e regular os bônus obscenos que recebem os executivos do setor.
Ou seja, o socialista francês não está seguindo o conselho do social-democrata Fernando Henrique Cardoso que disse à coluna Mercado Aberto desta Folha: "Tem de ir com jeito. Não pode encurralar o sistema financeiro".
Uma cautela que é o exato inverso da posição da social-democracia europeia, resumida na frase "não aceitaremos que as finanças escapem ao controle da política".
Pode parecer bravata, mas pôr efetivamente em prática a promessa é vital para a Europa e para a higidez econômica global. Não dá para esquecer que a crise de 2008 nasceu dos excessos do sistema financeiro e que sua fase atual na Europa -caracterizada pela preocupação com a dívida de tantos países- se deve precisamente ao fato de que os governos, tão criticados sempre, tiveram que socorrer a banca/setor privado, endividando-se até o pescoço por isso (exceto no caso da Grécia, que é outra história).
Tudo somado, Dilma deve estar torcendo para a vitória de Hollande, seu evidente aliado na guerra à "lógica perversa".

Folha de S.Paulo / Mundo / Coluna do Clóvis Rossi / 03/05/2012

"O jogo de desgastes é essencial aos partidos, seja no conceito com o governo, seja na rinha eleitoral."


À BEIRA DA TRAIÇÃO


O SIGILO do que já está ou logo será público, nas atividades centradas em Carlinhos Cachoeira, e a proteção a políticos sujeitos à convocação para depor -é disso que mais se ocupa a maioria da CPI. Na sala de reunião, nos telefones, na internet e, por certo, nos gabinetes e corredores.
A CPI está minada por coniventes com os incluídos no que deve ser esclarecido. E, a prevalecer tal ambiente, logo os coniventes passarão a agentes infiltrados, também conhecidos por traidores. No caso, traidores da CPI, do mandato e do seu eleitorado.
A fúria com que o senador Fernando Collor se bate pelo sigilo do inquérito policial, mandado em cópia à CPI pelo Supremo Tribunal Federal, só se explica por motivações emocionais. Não se inclui, portanto, naquelas condutas comprometedoras. Mas nem por isso se distingue das demais na incapacidade de anular o argumento, tão sucinto quanto agudo, do deputado Miro Teixeira: "O sigilo só beneficiaria os culpados".
A esperança dos defensores do sigilo é frágil, além do mais. É improvável que o Supremo Tribunal Federal, ao se ocupar do inquérito, não dê conhecimento do seu teor à população.
Muitos dos citados são eleitos e serão candidatos, e não seria justo deixar os inocentes sem tal reconhecimento público. Como seria injusto com o eleitorado o silêncio sobre os nomes dos culpados.
Com o STF, ainda há a Procuradoria-Geral da República. Seu chefe, Roberto Gurgel, está posto por vários parlamentares (e outros) como suspeito de esconder, por dois anos, a primeira parte do inquérito sobre Cachoeira & cia.
Em vista disso, sua conveniência é a de pedir a quebra do sigilo judicial e, ele próprio, abrir tudo e ir até onde consiga, atrás de constatações e comprovações.
O PT, o PMDB, o PSDB, o DEM, o PP, o PR, e ainda mais letras, estão todos no prontuário de Cachoeira. Por via telefônica ou por ação direta. Podem acobertar-se todos? Podem todos guardar silêncio uns sobre os outros?
Só se não houvesse as disputas regionais, mais encarniçadas com a proximidade das eleições municipais. O jogo de desgastes e desmoralizações é essencial aos partidos e aos grupos, seja no conceito junto ao governo, seja na rinha eleitoral.
É para reduzir o desgaste que o PT abandona o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, ao destino que tenha cavado. E o PMDB se debate para negociar uma armadura em volta do governo fluminense e do governador Sérgio Cabral. O qual, aliás, não facilita nada a intenção dos colegas e de parte do PT.
A mais recente criação do esforço peemedebista é argumentar que a exposição de Cabral na CPI enfraqueceria Eduardo Paes na busca da reeleição de prefeito. Mas tudo indica que Eduardo Paes, com o conceito alcançado, tornou-se mais importante para Cabral do que Cabral para Paes.
Apesar de tudo o que favoreça a CPI, os propósitos mais ativos ali, até agora, são nitidamente ruins ou são enganosamente aceitáveis. Mas a definição dos rumos não tem como tardar muito.
Folha de S.Paulo / Poder / Coluna do Jânio de Freitas / 03/05/2012



A TÉCNICA E O MAGO 


BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff dá uma no cravo e outra na ferradura. Aumenta ainda mais os seus índices de popularidade ao comprar a briga com bancos e juros altos, mas se prepara para gastar um pouco desses índices ao mexer na caderneta de poupança.

Nos dois casos, Dilma age dentro da lógica de mercado: em tempos de paz financeira, sem ameaças de ataques especulativos, não faz o menor sentido manter juros estratosféricos; e, com a queda dos juros, o governo não pode assistir impassível à fuga dos investimentos para a poupança, que rende pouco, porém com baixo risco e sem taxas e impostos.

Mas há nos bancos um estigma e, na poupança, um dogma. Enfrentar "a lógica perversa" dos bancos é altamente popular, porque eles são o setor mais odiado e nunca lucraram tanto quanto no governo Lula e no início do governo Dilma. Já mudar as regras da poupança é altamente impopular, é mexer com bolsos e almas.

É se fortalecendo no combate contra os bancos e os juros que Dilma ganha "gordura" para queimar na mexida da poupança, que será certamente cercada de cuidados.

Um deles será o teto. Os maiores poupadores pagarão o pato, os pequenos serão preservados. O outro será o prazo. Provavelmente, as regras valerão apenas para os futuros depósitos -como no caso do Funpresp (o novo fundo de previdência privada para o funcionalismo).

Essa operação de bater nos juros e conter a poupança envolve um equilíbrio delicado -financeiro, gerencial e particularmente político, que exige conhecimento e sensibilidade de marketing. Ou seja, exige também um equilíbrio entre a "técnica" Dilma e o "mago" João Santana.

Se é para apostar, Dilma vai ganhar muito contra os bancos e perder pouco contra a poupança. Já tem o recorde de popularidade para esta fase de governo, caminha para ser endeusada. O recorde de 80% de Lula está seriamente ameaçado.

Folha de São Paulo / Editoriais / 03/05/2012

A "EX-EXPLOSIVA" CPI DO CACHOEIRA


quarta-feira, 2 de maio de 2012

COLUNA DO ARTHUR NETO


AMOR A MANAUS 

Aproxima-se mais uma eleição municipal. As candidaturas e as composições se vão articulando.

Vejo, com uma ponta de tristeza, que predomina o “quem apoia quem”, em lugar do privilegiamento a projetos consequentes que possam imprimir rumos justos à cidade. Prevalece o “fulano está na frente de beltrano na pesquisa feita por sicrano” e, lamentavelmente, nem fulano e nem beltrano se apresentam para discutir, a fundo, com seriedade, os problemas acumulados e as soluções capazes de dirimi-los e, em certas situações, minorá-los.

Manaus precisa de Prefeito (s) que opte (m) por ela radicalmente. Medidas como a revitalização do centro histórico, são inadiáveis. Do mesmo modo, o revigoramento da paisagem urbana, hoje comprometida por anos de desrespeito à postura municipal.

Não escrevo contra Amazonino Mendes, a respeito de cuja gestão me manifestei não mais que pontualmente, criticando ou mesmo elogiando certas atitudes. Tampouco refiro-me ao seu antecessor, o economista e advogado Serafim Corrêa.

Nenhum dos que me sucederam no posto, aliás, podem queixar-se de que os tenha perseguido. Agi ao inverso de quem fez oposição sem tréguas ao meu período. Se Deus poupou ao Presidente Juscelino Kubitschek o sentimento do medo, a mim concedeu a graça de não mergulhar na pequenez, no nanismo, na mesquinharia.

Sempre que pude ajudar, fiz isso com enorme prazer, a exemplo da primeira liberação de recursos do BNDES para o estabelecimento de corredores exclusivos para ônibus, por reivindicação do então Prefeito Alfredo Nascimento. Ou quando forcei o Senado a votar, noite já avançada, empréstimo da Comissão Andina de Fomento, no valor de US$75 milhões, projeto de Serafim, que terminou servindo para Amazonino concluir belo e necessário viaduto.

Picuinha é para quem se alimenta dela. Não é o meu caso. Oposição a Prefeito é primordialmente para quem se elegeu Vereador apoiando candidato derrotado no pleito majoritário. Sem prejuízo de os cidadãos sem mandato criticarem abertamente tudo que julguem nocivo à cidade onde vivem, constituem família e criam seus filhos.

Sinto-me à vontade para cobrar dos pré-candidatos que coloquem pontos programáticos verdadeiros, sinceros, exequíveis, à frente do desejo pessoal de crescer na política, seja conquistando a PMM, seja “esquentando” o nome para futuras batalhas. A ordem saudável das coisas é programa realista e exequível de governo atrair apoio político. Pensar no voto pelo voto pode até resultar em êxito eleitoral, mas levará, inevitavelmente, à cristalização da mesmice.

Manaus não deve ser vista como trampolim para passos mais “avançados” na vida pública. Prefeito de verdade é o que se preocupa com governar a cidade, sem pensar em futuras eleições.

Se não for assim, perde a coragem de contrariar interesses e enfrentar desgastantes questões. Abre mão da inteireza. Vira fake de si mesmo.

terça-feira, 1 de maio de 2012

COLUNA DO ARTHUR NETO


CÓDIGO FLORESTAL

Acompanho com interesse e preocupação o debate legislativo em torno do Código Florestal. A matéria foi deliberada pela Câmara, após cumprir todo o ritual de tramitação congressual.

O ex-Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, bem ao seu estilo extravagante, declarou que a Presidente Dilma Rousseff lhe teria assegurado a disposição de vetar certos trechos do texto consagrado no Parlamento. Estranhei, claro, o fato de ela não falar pela voz de nenhum líder parlamentar de sua base ou pela Ministra Isabela Teixeira, que substituiu Minc no MMA.

O tema é delicado. De um lado temos a forte bancada ruralista e a força do agronegócio brasileiro. De outro, a proximidade da Conferência Rio + 20 e a forte pressão dos ambientalistas, no sentido dos vetos presidenciais. No meio, a própria Dilma, que lida com a realidade de uma maioria parlamentar artificial, inorgânica e fragilizada pelos personalismos e pela falta de um projeto de reformas que pudesse motivar e renovar o ânimo do segmento político.

Suponho que a Presidente não sancionará integralmente o Projeto. Deverá optar por criar ambiente favorável ao governo brasileiro na Rio + 20. E, claro, pagará o preço de mais instabilidade nas votações nas duas Casas, Câmara e Senado.

A virtude, muitas vezes, está no centro mesmo. Puxar demasiadamente para um dos lados, tensiona e leva a um jogo de soma zero. Um acordo que significasse e resumisse as concessões possíveis e aceitáveis de ambientalistas e ruralistas poderia ser a saída mais sábia para o impasse.

Aprendi a alargar ao máximo a perspectiva do possível, sem deixar de aceitar que esse mesmo possível tem fronteiras, tem limites. Às vezes sou radical; jamais sou sectário. O radicalismo pode ser sinônimo de ir à raiz dos problemas e isso não é necessariamente antônimo de serenidade ao raciocinar e decidir. Já o sectarismo, este sim é sinônimo de imprudência, perda de inteligência política e personalidade autoritária: só vale o que o sectário deseja; o resto todo é por ele considerado inútil, nocivo e descartável.

Aguardemos o desfecho da novela. Minha impressão é que se poderia ter construído um fim mais harmônico e habilidoso.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

COM SANGUE NA BOCA IGUAIS A CACHORROS DOIDOS, EX-PRESIDENTES SE ENVOLVEM NA CPI DO CACHOEIRO, PROVOCANDO CASCATAS DE BÍLIS ESPUMANTES


CPI une Lula e Collor

Por Mary Zaidan

Quase vinte anos depois da CPI de PC Farias, que apeou Fernando Collor de Mello da Presidência, o vilão agora é algoz e seus acusadores mais ferozes, capitaneados pelo ex Lula há duas décadas, aliados. Se depois que chegaram ao poder, perdões e gentilezas tornaram-se freqüentes, na CPI mista de Cachoeira, PT e Collor, de novo com o aval de Lula, confessam a mesma cartilha e inimigos em comum, a começar pela mídia.
Em discurso eloqüente, olhos esbugalhados, que fez lembrar os tempos irados em que, num equívoco letal, convocou os brasileiros a sair às ruas de verde e amarelo, colhendo cidades cobertas de cidadãos vestidos de preto, o senador Collor de Mello expôs todo o seu ódio contra CPIs, transformadas em “tribunais de inquisição”.
E, ainda com mais ênfase, contra a imprensa. Chamou jornalistas de “rabiscadores”, gente que produz “notícias falsas ou distorcidas”.
Um elo a mais a unir Lula e Collor. Um purga sua mágoa pela Presidência perdida, outro, pelo processo do mensalão, maior escândalo da República, com poderes de lhe macular a majestade.
Os métodos de ambos se assemelham: flagrados, fingem que não é com eles, atacam a imprensa e protegem comparsas.
Collor nunca falou nada sobre PC Farias, a Operação Uruguai ou a prova menor, o Fiat Elba, gota d’água da cassação de seus direitos políticos.
Lula falou demais, mas o intuito era o mesmo. Primeiro se disse traído pelos seus. Depois, garantiu que o mensalão não passava de caixa 2, inventando a tese de que um crime se torna menor quando todo mundo o comete. Algo absurdo na boca de qualquer um, quanto mais de alguém que à época era o número um do país.
A teoria da vez é a de que o mensalão é farsa, uma armação da direita com apoio da grande mídia. Nela, Collor é, de novo, aliado de primeira grandeza. A ele cabe bater forte na imprensa, tentar desacreditar o carteiro para não precisar discutir o conteúdo da carta.
Os dois ex-presidentes, que nas primeiras eleições diretas depois da ditadura militar mobilizaram o país por suas diferenças ideológicas, se unem na sordidez.
Collor renunciou antes de sofrer o impeachment e teve seus direitos políticos cassados por oito anos. Atira para todos os lados, tenta vingar-se. Aposta na hipótese pouco provável de passar para a história como vítima de injustiça.
Lula, de olho no perdão prévio, alimenta as esperanças do ex-inimigo.
Cada um modela suas versões de acordo com a conveniência.
A corrupção, a malversação com dinheiro público, os desvios, a evasão de dólares para o exterior, o mensalão. Isso tudo que se dane. São apenas fatos. Coisa de jornalista.

BLOG DO DEPUTADO FEDERAL ROBERTO FREIRE / DIA 30.04.2012 / CPI UNE LULLA E COLLOR / Mary Zaidan é jornalista, trabalhou nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, em Brasília. Foi assessora de imprensa do governador Mario Covas em duas campanhas e ao longo de todo o seu período no Palácio dos Bandeirantes. Há cinco anos coordena o atendimento da área pública da agência 'Lu Fernandes Comunicação e Imprensa, @maryzaidan.

domingo, 29 de abril de 2012

"Aos 65 anos, 24 dos quais na política, o líder do PSB, Serafim Corrêa, diz que seu opositor natural na disputa pela prefeitura de Manaus é Amazonino Mendes. "Em 2004 eu ganhei, em 2008 ele ganhou e agora em 2012, de novo somos os dois polos, ele que está no poder e eu que estou na oposição". Nesta entrevista ao Portal do Holanda, Serafim também fala dos gargalos no abastecimento de água, no trânsito, transporte coletivo e mobilidade urbana, defendendo um amplo entendimento entre prefeitura, governo e sociedade."

ELEIÇÕES 2012: SERAFIM DIZ QUE SÓ VÊ AMAZONINO COMO ADVERSÁRIO
Do Portal do Holanda
PEDRO BRAGA JR

Portal do Holanda – Essa definição de um candidato a vice é uma estratégia do PSB para ter uma chapa puro-sangue ou o sr. pretende abrir para alianças com outros partidos?
Serafim Corrêa – A vida do PSB está definida. Nós reunimos várias vezes e chegamos à conclusão de que o nosso eleitor, que nos campanha há muito tempo nos cobrava uma posição de independência. E essa posição de independência está adotada. Com todo o respeito por todos os demais partidos, mas nós sairemos independente de todos os demais partidos. Com chapa própria, com Serafim Corrêa prefeito, Marcelo Ramos vice, 43 candidatos a vereador e 19 candidatas a vereadora. 
Portal – Atualmente quem está mais em discussão na corrida para a prefeitura é o sr., que já foi prefeito e o prefeito atual Amazonino Mendes. Como o sr. avalia a possibilidade de uma polarização entre os dois?

Serafim – É assim, quem quer ganhar Copa do Mundo não escolhe adversário. Agora, uma coisa é verdade: desde 2004, os dois polos eleitorais da cidade de Manaus são Serafim e Amazonino. Em 2004 eu ganhei, em 2008 ele ganhou e agora em 2012, de novo somos os dois polos, ele que está no poder e eu que estou na oposição.
Portal - O sr. é visto como um candidato que faz campanha  de ideias e olhando olho no olho. Esse nível de campanha já está definido, qualquer que seja o adversário?
Serafim – Qualquer que seja o nível que venha, nós vamos manter essa linha. Uma linha de mostrar os problemas da cidade, resgatar o que fizemos para encaminhar soluções dos problemas, e aquilo que propomos daqui pra frente. Quer dizer, o período que nós ficamos na prefeitura eu digo que foi um período de aprendizado. Nós tivemos muitos erros, mas tivemos também muitos acertos, muitos acertos além dos erros que tivemos. E com uma dificuldade de recursos muito grande. 
Veja que a atual administração teve mais do que nós quatro bilhões de reais, o que dava pra fazer quatro pontes do bilhão. Mas a prefeitura de Manaus não fez nenhuma ponte. Então, nós trabalhamos com quatro bilhões a menos e fizemos muita coisa.



Portal – Quando o sr. foi candidato em 2004, a questão da água foi um dos motes de campanha. Muitas áreas da cidade estavam desabastecidas e esse problema não foi resolvido de lá até a agora. O que o sr. realmente fez na sua administração e o que ficou faltando fazer?
Serafim – Em 2005 e 2006 nós enfrentamos essa situação, que era crítica. Em janeiro de 2007 nós repactuamos o contrato. Isso permitiu dar uma guinada na questão da água e do esgoto em Manaus. O relatório da Arsam atesta que 80 mil novos domicílios receberam água nesse período, após a repactuação.  E 700 quilômetros de rede foram colocados nas ruas de Manaus. A repactuação possibilitou que a concessionária investisse R$ 140 milhões que resultaram no aumento da produção de água na Ponta do Ismael em dois metros cúbicos a mais por segundo, ou seja, dois mil litros de água por segundo. Segundo, 38 km de adutoras, mais bombas de recalque, uma série de equipamentos pra poder jogar essa água para 11 reservatórios, que totalizam 55 milhões de litros. E a prefeitura tomou emprestado do governo federal R$ 60 milhões pra fazer rede. E fez 700 km de rede. Isso foi um avanço significativo.
Portal – Em que zonas foram feitos esses 700 km?

Serafim – Na zona Norte e zona Leste. Isso está no relatório da Arsam, é só pegar o relatório e ver. Na repactuação, nós autorizamos o Proama, que está quase concluído. A informação que tenho é que faltam R$ 20 milhões para fazer os serviços finais do Proama. E em seguida precisa algo que aí tem que ter muita humildade. É o governo do Estado e prefeitura negociarem. 
Me parece que por parte da atual administração municipal, ela não tocou absolutamente nada no que diz respeito à água, nesse período. Simplesmente o atual prefeito fez de conta que não era com ele, que ele não tinha nada a ver com isso. Quando na verdade, ele é o ator principal. Tem que ter humildade para procurar o governador, sentar e ver quais são as interligações, ver se o governo do Estado vai fazer ou se não vai. 
Tem de ver como será a venda da água, porque o governo vai produzir a água e vai vender para a prefeitura, e a prefeitura vai repassar essa água para a concessionária, que vai distribuir e obviamente vai ressarcir o município. E essa é uma negociação que precisa ser feita entre prefeito, governador, concessionária e a sociedade.

Portal – Tem sido dito que os grandes consumidores não pagam água em Manaus.
Serafim – O sistema de abastecimento de água em Manaus ele é singular no Brasil. Manaus tem seis mil poços, que são dos seis mil consumidores de maior quantidade de água. São as fábricas de refrigerante, de cerveja, as indústrias do Distrito Industrial e os grandes condomínios. Enfim, quem pode pagar e consome muito não está no sistema, contrariando a Lei de Saneamento, que diz que ele é obrigado a estar no sistema e não poder ter poço. E isso terá de ser resolvido, até porque a tendência é o aquífero em Manaus secar, com tantos poços sugando água do aquífero.

Portal – Mas a lei não determina que mesmo a água de poço tem que ser paga?
Serafim – Deveria, mas o que está dito na lei é assim: “Todos os domicílios são obrigados a ligar na rede”. E estando ligado na rede não pode ter poço. Ora, isso impõe, por exemplo, a todo o Distrito Industrial ligar na rede. Ele não está na rede, todo ele tem poço.
Portal – Tem sido dito nas audiências, inclusive nos parlamentos, que essa questão dos grandes consumidores não pagarem a água seria um dos principais fatores para elevar o preço da tarifa social. O sr. concorda com isso?
Serafim – É o seguinte: isso aí debilita o sistema, porque se eles estão fora do sistema, óbvio que alguém está pagando a conta de toda a água, que é a produção da água dividida pelos consumidores. No momento em que os grandes consumidores não estão participando desse pagamento, óbvio que sobra uma conta maior, e essa conta maior cai na costa da classe média.  A classe média é quem paga essa conta. O prefeito tem que ser o articulador disso tudo.
Portal – Nós estamos vendo surgir aí novamente a questão do lixo, do Aterro Sanitário. Como o sr. vê isso, o sr. deixou o Aterro pronto ou projeto para ser continuado?
Sarafim – Vamos lá. Quando nós chegamos na prefeitura tinham 300 pessoas morando no Aterro em condições subumanas.  Nós retiramos essas pessoas, organizamos em cooperativa, destinamos a eles a coleta seletiva de lixo para eles poderem fazer a reciclagem. E aquilo que era uma lixeira virou um aterro controlado . 
A nova Lei de Resíduos Sólidos veio e diz que os grandes produtores de lixo são obrigados a dar o destino final do seu lixo. Aí o que fez a prefeitura? A prefeitura que nunca cobrou pelo descarte do lixo industrial fez o seguinte: deixou de receber o lixo industrial. As empresas tiveram de procurar um aterro privado e só tem um, que tem muitos problemas como MPE, MPF, com o Ipaam, com o Ibama, porque eles aterraram um igarapé. Enfim, eles não têm condições de receber esse lixo.

Portal – Como poderia ser resolvido esse problema?
Serafim – Eu entendo que a prefeitura paga R$ 56 por tonelada pela coleta a destinação final do lixo. Se ela permitisse que o descarte fosse feito no Aterro, mediante o pagamento desse valor, aí ninguém ganharia e ninguém perderia. Quer dizer nem as empresas vão perder ou vão ganhar, nem a prefeitura vai perder ou vai ganhar. Vai ser o jogo do zero a zero. 
Do jeito que ficou, essa empresa que é a Setran é a grande beneficiada, porque como só tem ela, ele impôs o preço de R$ 400 por tonelada, ao invés de 56.
Portal – qual foi o investimento que a sua administração fez nessa questão do lixo?

Serafim – Eu não saberia precisar o número, mas posso dizer que o aterro ele é feito no dia a dia. Eu não saberia precisar os valores, eu até vou resgatá-los para ter isso sempre na ponta da língua.
Portal – Mas esse Aterro ainda continua dando conta do lixo da cidade?
Serafim – Sem dúvida. Agora, claro que Manaus tem que resolver esse problema. Porque esse Aterro ele tem uma sobrevida de sete anos. E isso é uma coisa que nós temos de cuidar desde logo. E é bom que a sociedade esteja atenta para essa discussão. Eu faço esse alerta agora, porque depois que privatiza, depois que dá a concessão, tem que respeitar o contrato. Que é o caso da água. A concessão é por trinta anos, vai até 2030 e a prefeitura tem que respeitar. Essas bravatas de que vai tirar a empresa, não tira. Porque o contrato de concessão é um contrato que dá tantas garantias à empresa, e isso é assim no mundo capitalista, que é muito difícil você retirar uma concessionária.
Portal – O que o prefeito precisa fazer para que o trânsito flua em Manaus? Os viadutos são a solução?
Serafim – Sem eles não tem solução. Vamos imaginar Manaus sem os três viadutos projetados por nós. A Recife sem o Miguel Arraes, a Bola do Coroado sem o Gilberto Mestrinho, a Paraíba sem aquela passagem de nível. Seria um caos.
Agora, o que aconteceu em Manaus. Manaus tinha 240 mil carros quando eu entrei na prefeitura. Hoje Manaus tem 612 mil. Em 332 anos de existência, entraram em Manaus 240 mil carros. Em oito anos, esse número pulou para 612, portanto uma diferença de 372 mil carros em oito anos.  Isso é uma loucura. Mas nós não podemos resolver isso, porque os carros já estão aí. E Manaus tem poucos corredores. 
Por outro lado, Manaus sofre do fenômeno do “tranca rua”. A Cohabam do Parque Dez não deveria ter sido construída onde foi, ela tinha que deixar a Paraíba prosseguir. A Paraíba foi projetada para ser uma paralela da Recife e terminou que ela foi fechada ali. Resultado, todo o trânsito da Paraíba vai pra Recife que deságua na Torquato.
Portal – O sr. fala dos gargalos no trânsito?

Serafim – Isso. Dos gargalos de Manaus que precisam ser rompidos. Dou o exemplo ali no entorno do viaduto Miguel Arraes onde tem gargalos que precisam ser rompidos, desapropriações precisam ser feitas. E na frente da Ufam, da Bola do Coroado até o Japiim, tem que ser rasgadas mais duas pistas indo até a Bola da Suframa. Fora disso não tem solução, ali tem que ser quatro pistas.
Portal – A prefeitura teria recursos para isso ?
Serafim -  Tem obras que o orçamento da prefeitura não comporta. A maioria das obras de infraestrutura o orçamento da prefeitura não comporta. Precisa da parceria com o governo do Estado e com o governo federal. 
Portal – O prefeito que entrar, ele já deve chegar com um planejamento para tentar quebrar os gargalos dentro da administração pública, para que governo e prefeitura possam olhar a administração de Manaus como um todo?

Serafim – O que eu defendo é assim. O próximo prefeito, eu espero que seja eu, tem que assumir e imediatamente e contratar uma empresa de engenharia para propor soluções. Agora tem gargalos que são óbvios, que tem que tirar logo. Não precisa ser engenheiro pra ver que aquilo é um gargalo. Nós outros que não somos engenheiros sabemos quando é um gargalo e que precisa ser retirado.
Portal – Na questão da mobilidade urbana, o que seria necessário hoje para colocar Manaus uma cidade dentro de um padrão aceitável?
Serafim – Precisa fazer muita coisa. Primeiro é resgatar as calçadas. Hoje (sexta-feira) tem uma matéria na Folha de São Paulo e em todos os grandes jornais brasileiros, inclusive os jornais de Manaus, sobre a questão das nossas calçadas. Eu diria até que essa também é uma questão que precisa envolver a prefeitura e a sociedade. Porque a sociedade tem que estar ao lado da prefeitura para fazer o que tem que ser feito. 
Você anda no Centro e vê que as calçadas estão ocupadas, ou por camelôs ou pelas lojas. Em outras áreas da cidade as calçadas estão ocupadas por carros. E essas pessoas moram na cidade, são habitantes da cidade, que precisam, em primeiro lugar ser conscientizadas de que isso não pode ser feito.
Na questão dos camelôs eu defendo uma solução pactuada. Onde a prefeitura adotaria o mesmo critério do Prosamim, daria uma indenização para que ele saia dali. E a prefeitura, ao invés de ela construir um só camelódromo, utilizar áreas desocupadas no Centro para construir pequenos camelódromos. E é bom dizer que eu deixei um camelódromo pronto, e o Amazonino transformou num teatro que até hoje não exibiu uma única peça de teatro.  A primeira que ele exibir eu vou lá assistir.

Portal – Na questão do transporte coletivo urbano qual seria a solução: BRT, Monotrilho, ajustes no sistema?
Serafim – O Monotrilho eu não tenho simpatia por ele. É um projeto muito caro, não é transporte de massa, e eu sou mais simpático ao modelo BRT. Agora óbvio que o BRT só vai funcionar em Manaus se respeitarem a faixa que é só para ônibus. Se ninguém respeitar ele não vai funcionar.  
Agora, o grande problema de Manaus não é a falta e ônibus, o problema de Manaus é a velocidade do ônibus que é muito baixa. E ele não tem velocidade por conta do trânsito, principalmente nos corredores. Por isso que nos corredores a gente precisa romper com os gargalos. Na hora que romper com os gargalos, a gente melhora o trânsito e já melhora o horário do transporte coletivo.
Vou lembrar uma coisa que nós fizemos e que o Amazonino desfez.  A integração temporal, que é fundamental para melhorar o transporte coletivo. Essa é uma solução que a tecnologia permite fazer e todos ganham. O sistema como um todo ganha.

Portal – Hoje existem três nomes que nas pesquisas de consumo interno estão aparecendo bem colocados: o deputado Marcos Rotta (PMDB) a Deputada Rebecca Garcia (PP) e o vereador Hissa Abrahão (PPS). Os três juntos somam mais de 55% das intenções de voto. O sr. vê nisso um anseio por renovação dos quadros políticos?
Serafim – A renovação é bem vinda. Eu não sou contra a renovação, até porque eu acho que esse é um processo natural. Mas qualquer pesquisa quantitativa agora, ela diz muito pouco. O importante são as pesquisas qualitativas. Nós, até por uma dificuldade conhecida de todos, dificuldade de recursos, nós não temos nenhuma pesquisa por enquanto. Portanto eu não posso falar. Óbvio que nós vamos ter um pouquinho mais à frente. Agora daremos prioridade para as pesquisas qualitativas.
Portal – A chapa do PSB tem as qualidades necessárias para essa disputa?
Serafim – A nossa chapa tem o equilíbrio da experiência, através da minha pessoa, e da juventude, da renovação, da ousadia de um dos melhores quadros da nova geração da política no Amazonas, que é o deputado Marcelo Ramos. Eu diria até que ele é o melhor quadro da nova geração. Qualificado, preparado, estudioso, combativo, pronto pra qualquer debate. Sabe recuar na hora que é pra recuar, sabe avançar na hora que é pra avançar. E por certo ele dará uma grande contribuição na administração a partir de primeiro de janeiro de 2013.
Portal – A prefeitura de Manaus tem agido em relação a questões como a Região Metropolitana e a Zona Franca como se não tivesse nada a ver nem com uma nem com outra. O sr. acha que essa postura é prejudicial ao município?
Serafim – Sim, é, e eu diria que isso não é uma crítica. Embora eu e ele (prefeito Amazonino) vivamos nos criticando, mas o que eu vou dizer agora não é uma crítica. Eu vejo assim: o atual prefeito ele não gosta de ser prefeito. Das outras duas vezes ele foi prefeito para servir de trampolim para ele ser governador. Ele gosta mesmo é de ser governador. De ser prefeito ele não gosta. Ele sofre de uma síndrome, que é de ser governador.
Portal – Hoje, por exemplo, a Suframa tem como maior gargalo, segundo o superintendente Thomaz Nogueira, a falta de área para expandir o DI. O sr. acha que a prefeitura deveria participar dessa discussão?
Serafim – É, mas olha só, a prefeitura também não tem terrenos. Os terrenos estão nas mãos de particulares e da União. A União tem terrenos em Manaus, a prefeitura não.  Nesse aspecto eu vejo que o governo federal transfere muito para o município, e a postura do Thomaz revela isso. Quer dizer, ele quer atribuir todas as responsabilidades para o município, quando o município está no canto da parede, sendo pressionado por demandas sociais, por demandas urbanas para as quais ele não tem recursos. E o governo federal além não dar a mão ao município, ainda cobra. 
O que o Thomaz tá querendo dizer é: prefeitura, arruma terreno pra eu trazer empresa. Não é assim que a coisa funciona. Se a prefeitura tivesse terreno, ótimo. Estaria de pleno acordo, mas ela não tem os terrenos que o Thomaz deseja.

Portal – O sr. diria que a prefeitura hoje é uma inquilina dentro da área do município?
Serafim – Quase isso. Até o prédio onde ela funciona, a sede da prefeitura, é do governo do Estado, está cedido em comodato por 20 anos. Até nisso, a prefeitura não tem espaço nem pra sua sede. 

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ENTREVISTA COM SERAFIM CORREA / DOM, 29/04/2012 - 21:53