sexta-feira, 3 de maio de 2013

Há momentos em que precisamos, verdadeiramente, estarmos unidos: trabalhadores, empresários, donas de casa, aposentados, juventude, enfim, todos os que moram neste Estado do Amazonas. Não sou nenhum fanático pela Zona Franca de Manaus. Mas, diante da falta de maiores estudos sobre as nossas potencialidades locacionais (não cabe aqui buscar culpados), o que temos de concreto é o Modelo Zona Franca que nos oferece 100.000 empregos diretos e outros 400.000 indiretos. Essa é a nossa realidade. Portanto, vamos à luta, defender o nosso “ganha pão” e o espaço geográfico mais preservado do país, com 1.549.586 km2, 18,2% do território brasileiro, que a ganância, a insensibilidade e o egoísmo impatrióticos dos que aqui não moram teimam em não reconhecer como de importância fundamental para a integração do Brasil. Nem falo da obrigação dos Empresários que diretamente lucram com a ZFM, nem da responsabilidade do Governador, Prefeitos, Vereadores, Deputados Estaduais, Deputados Federais, Senadores e Presidente da República defenderem os benefícios que constam da Constituição Federal em favor do nosso Estado. Falo das pessoas comuns virem a público – redes sociais, púlpitos, ruas, etc. – e gritarem os nossos direitos. VAMOS À LUTA ! Leiam a seguir o Manifesto da Federação das Indústrias do Amazonas, "ZFM UMA POLÍTICA DE ESTADO", assinado pelo seu Presidente Antônio Silva.


Publicado em Blog da Floreta, no dia 28 Abril 2013

Com aparente isenção o Valor Econômico publicou artigo assinado por Ribamar Oliveira, na edição do dia 25 último, em que destaca os pontos vulneráveis do Modelo Zona Franca de Manaus, baseado em trabalho técnico elaborado pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas do Senado, intitulado “ZONA FRANCA DE MANAUS: Desafios e Vulnerabilidades” de autoria de Ricardo Nunes de Miranda.

Não resta a menor dúvida da qualidade técnica do trabalho que objetiva “à produção e à sistematização de conhecimentos relevantes para o aprimoramento da atuação do Senado Federal”. O documento faz uma análise dos custos e do impacto da ZFM, e compara os modelos China versus Brasil. Entretanto, no nosso entender, a análise fria de números e a deliberada intenção de ressaltar as vulnerabilidades, distorcem de forma tendenciosa a importância da ZFM para o Estado do Amazonas, para a Região da Amazônia Ocidental e para o Brasil. É inconcebível analisar resultados decorrentes da comparação de desiguais. A inviabilização e a descontinuidade do Modelo a nosso ver, será um tiro no pé que se dará na economia do país, perdendo-se todo o esforço desprendido para tornar a região da Amazônia Ocidental integrada ao desenvolvimento brasileiro, plano geopolítico que se constitui em uma Política de Estado.

A Amazônia Ocidental e sua importância para o Brasil é totalmente ignorada no referido estudo, atendo-se tão somente ao aspecto frio do “quem ganha e quem perde em termos financeiros”. Os aspectos sociais relevantes são abordados de forma rápida, sem aprofundar-se nas questões mais relevantes de cunho socioeconômico. 

O artigo do Valor Econômico, como era de se esperar, destaca todas essas avaliações na esteira do embate travado pelos estados na unificação do ICMS interestadual, entretanto não ressalta a conclusão final do senhor Ricardo Nunes de Miranda: “Deve-se evitar a qualquer custo a interpretação simplória de que as críticas ao modelo da ZFM significa estar alinhado com os interesses da indústria do Sudeste, não se preocupar com o desenvolvimento regional ou desconhecer as ameaças de desnacionalização da Amazônia. É mais do que cabível defender a ZFM, desde que ela traga, de fato, desenvolvimento para toda a Região Norte, ......”.

Não desconhecemos as necessidades de toda a Região Norte, mas não podemos deixar de alertar aos estudiosos que não conhecem a fundo esta bela e riquíssima região, que por ser tão grande, praticamente conter dois terços de todo o país, não é homogênea. As diferenças geográficas são muito evidentes e tratamos aqui especificamente das condições da Amazônia Ocidental, isolada do resto do país em vários aspectos que merecem ser também avaliados.

Não foi à toa que o projeto geopolítico que viabilizou a ZFM foi concebido, ele foi primordial para a manutenção desta rica região no domínio do Brasil e pela grande contribuição para a preservação do meio ambiente e do ecossistema.

Também não olvidamos a necessidade de se criar mecanismos que favoreçam os outros estados do Norte, como Pará, Acre, Rondônia e também o Amapá. A adoção de políticas que levem em consideração as peculiaridades e vocações de cada estado viabilizando o seu desenvolvimento econômico e social, é uma bandeira que apoiaremos com todo o prazer e sem egoísmo.

Estamos elaborando um documento técnico para servir de apoio aos nossos representantes no Congresso Nacional, mostrando os vários aspectos que legitimam o tratamento diferenciado na questão da unificação do ICMS comprovando as teses que defendemos e que no devido tempo será divulgada. Mas, não podemos nem devemos silenciar aos argumentos e teses expostas no trabalho e divulgadas pelo prestigioso Valor Econômico, sob pena de sermos omissos na defesa dos interesses das empresas que acreditaram na Política de Estado em execução e na defesa do emprego e do bem estar de significativa população que depende totalmente dos destinos da ZFM.

Não desconhecemos as imperfeições do modelo, entretanto, há de se estudar e por em prática soluções que possam equacionar de forma adequada e sem grandes rupturas, algumas das críticas procedentes que fazem parte do estudo em questão.

É verdade que no mundo globalizado de hoje a localização de um empreendimento industrial não é determinante e numa hipotética extinção do PIM, as indústrias aqui instaladas facilmente se deslocariam para outros locais e provavelmente para fora do país, ocasionando duplo efeito na economia, queda no Produto Interno Bruto nacional e uma consequência desastrosa ao meio ambiente, de incalculáveis perdas para o nosso ecossistema e de reflexos imprevisíveis em termos internacionais.

Antônio Silva
Presidente da FIEAM.