sábado, 5 de novembro de 2011

COLUNA DO ARTHUR NETO


SOLIDARIEDADE


Não faço coro com os que, através das mídias sociais, formulam votos contra a saúde do ex-presidente Lula da Silva. Nem, obviamente, com aqueles que pretendem tirar proveito político de fato tão triste.

Desejo que essa tempestade pessoal seja vencida para que ele possa seguir sua vida pessoal e familiar. Não dá para repetir o gesto mesquinho dos militantes petistas que agrediram Mario Covas à porta da Secretaria de Educação de São Paulo. Agrediram, ao mesmo tempo, o governador e um homem doente de câncer, que vivia seus momentos finais.

A cena não me sai da cabeça. A covardia de muitos e a bravura de um só. Sempre me orgulhou a postura de Covas, sempre coerente com o líder do MDB que, em 1968, levou a Câmara a enfrentar o ultimato da ditadura militar, que exigia a cassação do deputado Marcio Moreira Alves. Foi cassado pelo Ato Institucional número 5 exatamente por isso. Eis aí um homem que morreu como viveu: de cabeça erguida, sem fazer concessões fundamentais, sem se abastardar.

Sou solidário a Lula neste momento. A ele e a sua família.

Não preciso retirar nenhuma das críticas que lhe tenho feito para agir assim. Apadrinhou corruptos e corrupção. Avalizou ditadores sanguinários. Revelou-se inimigo da liberdade de imprensa. Preferiu a popularidade fácil a prosseguir com reformas estruturais que, elas sim, preparariam o Brasil para o grande salto. No poder, demonstrou caráter rancoroso e pequeno.

Sou seu adversário e não vejo razão para deixar de sê-lo. Mas quem está enfermo não é o adversário. É o ser humano, pai, esposo, avô. E é com ele que me solidarizo.

Temos de ter limites. O sentimento da generosidade não se pode apagar dos corações. A chama da humanidade precisa brilhar sempre dentro de cada um de nós.

O ódio faz mal a quem odeia. Poupo-me de sentimento tão destrutivo.


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BORDER LINE

INFRAESTRUTURA JÁ!
Lisboa - Prorrogar os incentivos da Zona Franca sem resolver os gargalos logísticos que asfixiam esse modelo de desenvolvimento regional simplesmente não responderá aos desafios postos diante de nós. Nossa estrutura aeroportuária é caótica. O "Eduardinho" parece mais um cemitério de partes, peças e produtos do que uma solução ágil para a entrada e saída de mercadorias em Manaus. O sol e a chuva não poupam o que fica ali "estocado". É aeroporto superado (já foi muito funcional) e cúmplice da burocracia infernal que dificulta ainda mais as coisas. Não dispomos de hidrovias nem de saída terrestre para o resto do País. A novela da BR-319 (eu preferiria uma ferrovia) não tem fim. Não se investe em inovação nem, efetivamente, em formação de mão de obra. Vivemos de números fantasiosos, aquilo que chamo de presente-passado; estamos perdendo a luta pelo presente-futuro.

IMPRESSIONANTE
Lisboa – O jornal A Crítica, em chamada de primeira página, veiculou declaração fortíssima do senhor Oldemar Ianck, superintendente interino da Suframa: "A ZFM ACABOU". Mais ou menos isso aí. Tenho alertado com insistência a respeito desse perigo. Afinal, sequer temos alternativas econômicas ao modelo que, há 44 anos, nos sustenta a economia. Louvo a coragem demonstrada por esse dirigente, embora ainda esteja longe de dar a guerra como perdida. Dependemos de ação rápida e fulminante do governo federal, propondo a repactuação do modelo. Dependemos – e muito – de nossa capacidade de luta e convencimento. O tratamento de choque pode gerar bons efeitos: os que mentem e douram a pílula são cúmplices do processo, em marcha, de liquidação do Polo Industrial de Manaus.

DESMONTE DA ZFM
Lisboa – Verdadeiro presente de grego para os amazonenses a prorrogação dos incentivos fiscais da Zona Franca de Manaus, se essa medida não estiver acompanhada de fortes investimentos em infraestrutura, inovação e formação de mão de obra. Se não prepararmos hidrovias, se não conquistarmos a saída terrestre para o resto do país e se o PIM continuar sendo agredido por Medidas Provisórias, Portarias ou o que mais seja, no que se afigura verdadeiro desmonte planejado do modelo.

PENSO EU, QUE, SEM FALSOS MORALISMOS NEM PIEGUISMOS, O LEITOR THIAGO CAPUCIN, NO PAINEL DA FOLHA DE SÃO PAULO DO DIA 02/11/2011, MAIS DO QUE UMA OPINIÃO PESSOAL, INTERPRETA O PENSAMENTO DA MAIORIA DO POVO BRASILEIRO SOBRE ESSA PARADOXAL INVASÃO DA REITORIA DA USP POR UMA MINORIA DA ELITE PAULISTANA QUE, EM DETRIMENTO DA IMENSA MAIOR PARTE DE ESTUDANTES, DEFENDE O SEU DIREITO DE NÃO SER INCOMODADA NA SUA AÇÃO DE FUMAR A SUA "MACONHA" OU SEU "CRACK"! ELES NÃO PODEM DESCONHECER QUE, PELAS LEIS BRASILEIRAS , TRATA-SE DE CRIME E QUE, PORTANTO, O ESTADO TEM O DEVER DE AGIR E DAR PROTEÇÃO AOS DEMAIS DA SOCIEDADE.


Que futuro o país terá com esses jovens da USP, pergunta leitor.

LEITOR THIAGO WILLIAM CAPUCIN (1)

Há alguns meses, os governantes e, principalmente, a Polícia Militar foram quase que linchados pela mídia e pelos próprios estudantes da USP (Universidade de São Paulo) porque viram um colega de classe - Felipe Ramos Paiva, 24 - ser morto com um tiro na cabeça dentro do campus após um assalto.

Não havia policiamento no campus, e várias foram as "queixas". Hoje, talvez, os mesmos estudantes estão em conflito com os policiais que eles mesmo pediram para estar lá! Porém, agora eles perceberam: "Meu, não poderemos mais fumar nossos baseados em paz."

Os policiais estão fazendo o trabalho deles e, como um "ex-universitário", realmente não dá pra acreditar na versão dos estudantes que dizem que os três amigos estavam estudando dentro do carro, ao invés da versão dos policiais de que eles estavam é "bolando" o seu beck!

Como estudante, nunca achei que o carro fosse o melhor lugar para estudar, ainda mais se tivesse a oportunidade de ser aluno da maior universidade do país!

Enquanto o Brasil é assolado por tantos outros males, na própria corrupção política, continuamos a ver as mesmas manchetes sobre este caso. No passado, universitários saiam às ruas para tentar transformar a história do país, como nas "Diretas Já" e no governo Collor.

Hoje assistimos os nossos universitários encapuzados como verdadeiros criminosos em centros de detenção defendendo o seu direito de fumar maconha em paz. Ainda há valores na sociedade?! Não, acho que não. Por que eles não vão se revoltar contra todas as calamidades que sofremos como cidadãos brasileiros?

Eles são os filhos dos ricos que provavelmente não possuem os mesmos problemas que a classe "trabalhadora" do país tem. É engraçado porque até mesmo os criminosos encapuzados nas rebeliões dos presídios, quando o fazem, sempre reivindicam melhorias à sua qualidade de vida dentro da penitenciária. Por sua vez, os jovens da USP usam máscaras e camisas cobrindo seus rostos apenas para defender o seu direito e pedindo que a PM agora saia do campus.

Todos estão ali movidos pela mesma "consciência aberta" que universidades como a USP promovem: a "liberdade de expressão". Nada mais do que verdadeiros desocupados --para não dizer outra coisa--, que ainda recebem as gordas mesadas dos seus ingênuos pais, que talvez nem saibam que seus filhos são uns daqueles encapuzados na multidão que eles assistem na televisão.

Jovens de classe média/alta que, por tamanhas "desilusões" e dificuldades de suas vidas turbulentas na faculdade, são "levados" a usar drogas. Verdadeiros vândalos que acreditam que possuem o direito de depredar os prédios públicos que nós pagamos para eles. Tudo a favor desta minoria da sociedade que mantém o tráfico de entorpecentes.

Sim, os problemas do Brasil ainda são muitos. Este episódio da USP é quase que uma comédia diante de tantos outros dramas que temos hoje. Creio que tudo já seria muito diferente se os pais e mães realmente educassem seus filhos. Se ainda existissem as "belas" palmadas da correção, as que ensinam junto com a educação do berço o valor de muitas coisas que hoje já não são mais ensinadas.

São apenas marmanjos totalmente mimados, com belos carros na garagem de suas repúblicas, que não trabalham, e que desde meninos já aprenderam a ter um mundo fácil São estes amigos(as), que um dia serão os nossos médicos, advogados, escritores, filósofos e os profissionais da nossa sociedade.

O pior de tudo é que, com orgulho, ainda irão dizer aos seus próprios filhos que um dia, na história do nosso país, militaram a favor de importantes direitos estudantis: a favor de um "baseado da paz".

Estamos perdidos, para não dizer outra coisa.

FOLHA DE SÃO PAULO/PAINEL DO LEITOR / LEITOR THIAGO WILLIAM CAPUCIN / DE CAMPINAS (SP) / 02/11/2011-10h43

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O brasileiro nascido após o Real está prestes a conhecer a realidade de um processo inflacionário. Presidente Dilma tem merecido o carinho e o apreço do povo, porém, perderá a confiança desse povo caso a inflação volte a desgastar os salários. Caso isso aconteça, a sua reeleição ou a 3a. eleição de Lula correm perigo.

A VIRADA INFLACIONISTA

O Estado de S.Paulo

O governo está fazendo um jogo perigoso com a inflação e o grande perdedor, a médio prazo, será o trabalhador. Em vez de combater as causas do problema, as autoridades financeiras resolveram adotar medidas de curto alcance para atenuar temporariamente a alta dos preços e dos índices. Com isso, disfarçam os problemas e mantêm aberto o caminho para novos cortes de juros e para a gastança. Ao mesmo tempo, o senador petista Lindbergh Farias, orientado por economistas ligados ao Executivo, defende no Congresso um projeto para incluir entre as funções do Banco Central (BC) estímulos à geração de empregos e ao crescimento econômico. Ninguém deve iludir-se. O objetivo não é tornar o BC brasileiro parecido com o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), mas sujeitá-lo aos interesses políticos do governo. A diretoria do BC, em outros tempos ciosa de sua autonomia operacional, assiste sem reação a essas manobras e até aceita a perda de status da instituição. Pior para o brasileiro comum, porque o seu rendimento jamais acompanhará uma inflação acelerada.

A disposição de recorrer a pequenos truques foi duas vezes confirmada em poucos dias. O corte da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) permitiu atenuar os efeitos dos aumentos de preços da gasolina e do diesel pretendidos pela Petrobrás. A decisão seguinte foi adiar para maio a elevação do IPI incidente no preço dos cigarros. Nenhuma das duas medidas atinge as causas da inflação. As duas são tão eficientes quanto um antitérmico ministrado a um paciente com infecção. A febre é contida por algum tempo, mas a doença permanece.

No caso brasileiro, o problema é o evidente descompasso, confirmado a cada novo indicador econômico, entre a demanda interna e a capacidade de resposta da indústria, prejudicada pela perda de competitividade. Quanto à demanda, é em grande parte alimentada pelo gasto público excessivo e ineficiente, mas essa disfunção o governo não pretende eliminar. Administrar bem é trabalhoso e a gastança é politicamente muito rentável. Haverá eleições municipais no próximo ano. Além disso, a grande disputa de 2014 nunca deixou de estar no topo da agenda petista.

O projeto assinado pelo senador Lindbergh Farias, aprovado na terça-feira pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, pode parecer, à primeira vista, mera manifestação de ingenuidade e ignorância. Mas é algo mais grave. O Fed, mencionado como exemplo na justificativa, tem realmente a atribuição de buscar as condições monetárias mais favoráveis ao pleno emprego e à estabilidade de preços. Mas essa estabilidade é interpretada com muito rigor: é preciso manter a inflação muito baixa, em torno de 2% ao ano, e cuidar principalmente de garantir condições favoráveis à expansão econômica de longo prazo. A ideia de leniência com a inflação para permitir um pouco mais de crescimento está fora do repertório do Fed e de qualquer banco central considerado sério. Além disso, o Fed é autônomo. Seus diretores, indicados pelo presidente da República e sujeitos à aprovação do Senado, têm mandato de 14 anos e não são forçados a seguir ordens de políticos.

O BC brasileiro desfrutou de autonomia de fato durante vários anos, até o fim do segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Isso resultou em razoável controle da inflação. Em várias ocasiões, no período petista e também antes, esse BC deu prioridade ao crescimento da economia, quando uns pontos a menos de inflação podiam resultar num custo excessivo em termos de atividade e de emprego. Desse ponto de vista, não há inovação real no projeto do senador Lindbergh Farias. Mas o projeto, se aprovado, com certeza abrirá espaço para mais interferências políticas.

Quanto à missão de estimular o desenvolvimento, é pura bobagem. A autoridade monetária só realizará essa tarefa se preservar a estabilidade de preços e a saúde do sistema financeiro. A tolice recomendada pelo senador já foi testada no Brasil, com resultados desastrosos. Esse projeto é apenas mais um componente de uma grande virada inflacionista na política brasileira, apoiada por uma alegre coalizão de pelegos trabalhistas e patronais.

O Estado de S.Paulo / Opinião / 03 de novembro de 2011 | 3h 05




terça-feira, 1 de novembro de 2011

A FILA DAS VÍTIMAS DE UM CÂNCER


Folha de São Paulo - 01/11/2011-09h28
GILBERTO DIMENSTEIN (1)

As bobagens raivosas contra Lula, pedindo que ele se trate no SUS, conseguem até provocar um debate sério: involuntariamente ajudou a trazer atenção a quem trata um tumor na rede pública. E aí vemos o verdadeiro câncer que é a saúde pública no Brasil.

Vejam essas informações que acabam de sair do TCU, segundo reportagem da Folha. No ano passado, cerca de 60 mil pacientes não puderam se submeter aos serviços de radioterapia. Se já não bastasse, 80 mil não conseguiram ser operados para extração de um tumor.

Os dados são tão terríveis, que coloco as aspas no material da Folha:

"Além de não conseguir atender a todos --na radioterapia o índice de não atendidos é de 34% e em cirurgia, de 53%-- os pacientes começam o tratamento muito depois do tempo devido.

No caso dos procedimentos de quimioterapia, o tempo de espera médio foi de 76,3 dias e apenas 35% dos pacientes foram atendidos com 30 dias (prazo recomendado pelo Ministério da Saúde).

Na radioterapia, o resultado é ainda pior: 113,4 dias de espera e apenas 16% atendidos no primeiro mês."

Quem quiser discutir a sério saúde pública, melhor se ater nesse tipo de informação divulgada pela Folha, e não entrar nesse deboche raivoso contra Lula. A divisão de classe no Brasil pode ser vista de vários jeitos. 

Um deles é quem tem plano de saúde privado e não precisa ficar na fila.

FOLHA DE SÃO PAULO / Gilberto Dimenstein, 54, 
integra o Conselho Editorial da Folha e vive nos Estados Unidos, 
onde foi convidado para desenvolver em Harvard projeto de comunicação para a cidadania.

COLUNA DO ARTHUR NETO

PORTEIRA FECHADA?





A governabilidade exige coalisão, alianças partidárias. Questiono é a falta de legitimidade do esquema montado por Lula para governar e eleger sua sucessora.

Surgiu até a bizarra definição dos acordos: “porteira fechada”, isto significa entregar as pastas aos partidos da chamada base aliada, dando-lhes o direito de nomear do ministro ao menor dos cargos de confiança. Isso estimula a corrupção, até pela facilidade de trânsito que confere a pessoas da mesma grei, umas “confiando” plenamente nas outras.
Confundem dinheiro e cargo públicos, respectivamente, com boi e fazenda. O partido “agraciado” sente-se proprietário da capitania, quase hereditária, que lhe foi concedida pelo (a) monarca.
O correto seria a presidente pinçar nos partidos nomes de seu agrado. Nada de se submeter aos caprichos e às injunções de máquinas partidárias não raro mal intencionadas.
Em 10 meses de gestão, Dilma perdeu seis ministros, cinco dos quais acusados de graves irregularidades. Dois (Aloizio Mercadante e Ideli Salvati) balançaram sem cair e Mario Negromonte, das Cidades e Carlos Lupi, do Trabalho, dificilmente resistirão ao menor arremedo de reforma do gabinete. Sem contar Fernando Haddad, da Educação, que dá show de incompetência a cada Enem.
Nem perderei tempo com Orlando Silva, porque ele já era, de fato, ex-ministro desde a eclosão das pesadas denúncias. O esperneio de seu partido, o PC do B, visava mais a conservar a pasta dos Esportes sob seu controle do que a manter a posição de Orlando.
A situação do governador Agnelo Queiroz, do Distrito Federal, é delicada. Tudo começou em sua passagem ministerial.
As evidências de que dinheiro público era usado para financiar campanhas eleitorais, coloca sob suspeição as campanhas, não apenas dos comunistas, mas também, direta ou indiretamente, de Lula (2006) e Dilma (2010).
O modelo de “governabilidade” desenhado e imposto pelo ex-presidente apodreceu. As instituições perderam densidade e respeito. A política se mediocrizou em níveis insustentáveis.
Dilma precisa repactuar com a Nação e domar os instintos do seu partido e das forças que lhe dão suporte congressual. O atual rumo as coisas sugere crise e instabilidade.

PRORROGAR É POUCO
Lisboa – A prorrogação pura e simples da Zona Franca, embora relevante, necessária e inadiável, é insuficiente para oferecer respostas convincentes aos desafios postos diante desse exitoso modelo de desenvolvimento regional. Tem muita coisa a ser feita, sem dúvida alguma.
Acabamos de perder uma fábrica chinesa de motocicletas, porque, fazendo as contas, os investidores concluíram que os incentivos fiscais oferecidos pelo Polo Industrial de Manaus não superam as vantagens estaduais de Pernambuco e mais a proximidade da malha rodoviária e, vá lá!, ferroviária nacional; dos portos e aeroportos mais relevantes e do mercado consumidor do Centro-Sul. Suponho que empresas instaladas no PIM também devem estar de calculadora na mão, com um pé no Distrito Industrial e outro em qualquer estado que lhes ofereça condições mais vantajosas de produção (onde não tenha apagões de energia, por exemplo).
A fragilidade da infraestrutura amazonense, portanto, já ameaça o nosso expressivo polo de duas rodas.

TABLETS NÃO É NOSSO
Lisboa – Prorrogar a Zona Franca com uma das mãos e, com a outra, contra ela atentar, não levará o Amazonas a bom caminho. A MP 534, relatada, no Senado, pelo senador Eduardo Braga, simplesmente consagra a produção de tablets bem longe de Manaus. O governo federal jamais cogitou de ver esse produto chamativo, dinâmico, rentável, evoluído tecnologicamente, produzido no Polo Industrial de Manaus.
Se a presidente da República tivesse querido dinamizar a ZFM, bastaria não ter editado a MP 534, que garante competitividade a São Paulo e ao Centro-Sul. Sabia, desde o início que essa MP nos condenava a ficar com tecnologias envelhecidas e precárias, destinando as mais dinâmicas para outros estados.
Perdemos os modens, vemos ameaças sobre o polo de motocicletas, o próprio polo de televisores será posto em cheque mais hora menos hora. E o de celulares já está sob ataque.

ATÉ OS CELULARES
Lisboa – Prorrogar a Zona Franca é importante e inadiável. Mas esse gesto indispensável perde força quando nos tiram os modens, os tablets e quando nos deixam sob infraestrutura apodrecida que já nos faz perder fábrica de motocicletas para Suape, em Recife.
Como se fosse pouco, bem recentemente, os Ministérios da Ciência e Tecnologia e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio expediram portarias que tiram do Amazonas os carregadores de celulares. Abrem para a importação de partes e também para a fabricação em qualquer parte do território nacional. Leia-se: Centro-Sul, São Paulo à frente.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

MINHAS HOMENAGENS AO POETA MAIOR!


NÃO DEIXE O AMOR PASSAR

Carlos Drummond de Andrade

Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida.

Se os olhares se cruzarem e, neste momento, houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu.

Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem d’água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.

Se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um presente: O Amor.

Por isso, preste atenção nos sinais - não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: O AMOR.

ARTIGO DO DEPUTADO MARCELO RAMOS. REPRODUZO POR ESTAR PLENAMENTE DE ACORDO COM O SEU PENSAMENTO POLÍTICO E HUMANÍSTICO.


FORÇA LULA!

Por Marcelo Ramos 

Não vou aqui entrar no mérito da avaliação do Governo Lula, mas incomoda-me a atitude pouco cidadã e até desumana de alguns que tripudiam sobre a anunciada doença do ex-presidente.
Com as contestações comuns ao embate político, temos que reconhecer que, se o governo Fernando Henrique foi capaz de enfrentar medidas impopulares – o que não é comum na política – para garantir estabilidade econômica ao país (hoje eu entendo isso), foi Lula quem transformou essa estabilidade em desenvolvimento e distribuição de renda.
Portanto, o ex-presidente Lula tem seu nome escrito na história do Brasil não só por ser o primeiro operário a assumir a presidência, mas por ser o agente de um novo tempo, do tempo da economia a serviço da distribuição de renda e melhoria das condições de vida dos mais pobres. Isso é incontestável até para os seus inimigos.
Assusta-me ouvir jornalistas, tomados pela intolerância e desumanidade, tripudiarem sobre a doença do ex-presidente, fazendo dela quase que um instrumento de vingança pessoal e política e tentando passar a estúpida ideia de que o câncer seria uma punição divina.
Temos que ter muito cuidado com esse tipo de pensamento. Os últimos que pensaram assim – que desejaram a morte aos seus inimigos na política – nos submeteram aos 20 anos do obscurantismo de uma sangrenta ditadura militar.
Repudio qualquer discurso de regozijo com o anúncio de que o presidente Lula sofre de câncer na laringe. Essa atitude de alegria com a doença só pode sair de mentes doentias, reacionárias do ponto de vista político, desvirtuadas do ponto de vista moral e insensíveis do ponto de vista humanitário. São abutres que não representam os sentimentos do povo brasileiro.
BLOG DO SARAFA/Marcelo Ramos/31.10.2011.

domingo, 30 de outubro de 2011

O CÂNCER DE LULA ME ENVERGONHOU


Folha de São Paulo

GILBERTO DIMENSTEIN (1)

Senti um misto de vergonha e enjoo ao receber centenas de comentários de leitores para a minha coluna sobre o câncer de Lula. Fossem apenas algumas dezenas, não me daria o trabalho de comentar. O fato é que foi uma enxurrada de ataques desrespeitosos, desumanos, raivosos, mostrando prazer com a tragédia de um ser humano. Pode sinalizar algo mais profundo.

Centenas de e-mails pediam que Lula não se tratasse num hospital de elite, mas no SUS para supostamente mostrar solidariedade com os mais pobres. É de uma tolice sem tamanho. O que provoca tanto ódio de uma minoria?

Lula teve muitos problemas --e merece ser criticado por muitas coisas, a começar por uma conivência com a corrupção. Mas não foi um ditador, manteve as regras democráticas e a economia crescendo, investiu como nunca no social.

No caso de seu câncer, tratou a doença com extrema transparência e altivez. É um caso, portanto, em que todos deveriam se sentir incomodados com a tragédia alheia.

Minha suspeita é que a interatividade democrática da internet é, de um lado um avanço do jornalismo e, de outro, uma porta direta com o esgoto de ressentimento e da ignorância.

Isso significa quem um dos nossos papéis como jornalistas é educar os e-leitores a se comportar com um mínimo de decência.
  

FOLHA DE SÃO PAULO / Gilberto Dimenstein, 54, 
integra o Conselho Editorial da Folha e vive nos Estados Unidos, 
onde foi convidado para desenvolver em Harvard 
projeto de comunicação para a cidadania.