sexta-feira, 18 de maio de 2012

"É bom relembrar que quem privatizou o sistema foi o atual prefeito quando era governador, por delegação da Prefeitura de Manaus, em 2000. Foi ele quem contratou a ÁGUAS DO AMAZONAS. Não dá para ele doze anos depois querer atribuir essa responsabilidade a quem quer que seja muito menos a mim. Quem assinou o contrato foi ele. Portanto, se a empresa é ruim, a culpa é só dele."


A EXPULSÃO QUE NÃO HOUVE E O “NEGÓCIO” QUE HOUVE.

Do Blog do Sarafa
Dia 18.05.2012.

Sobre a repactuação realizada ontem pela Prefeitura de Manaus com a concessionária dos serviços de água e esgoto devo dizer algumas coisas bem claras e sem subterfúgios:
Com autoridade de ter sido o primeiro prefeito da história da cidade a ter enfrentado a responsabilidade do abastecimento de água e coleta e destino de esgotos, que por lei cabe ao Município, torço pela solução do problema.
Tenho a consciência do dever cumprido e os números da ARSAM cinco anos depois atestam que a repactuação feita na minha gestão, que não sofreu nenhuma contestação administrativa ou judicial, permitiu os maiores avanços de todos os tempos que podem ser sintetizados pelas 78.084 novas ligações feitas. Se considerarmos cinco pessoas em cada domicílio, estamos falando de 390.000 pessoas. Quem conseguiu isso antes?
É bom relembrar que quem privatizou o sistema foi o atual prefeito quando era governador, por delegação da Prefeitura de Manaus, em 2000. Foi ele quem contratou a ÁGUAS DO AMAZONAS. Não dá para ele doze anos depois querer atribuir essa responsabilidade a quem quer que seja muito menos a mim. Quem assinou o contrato foi ele. Portanto, se a empresa é ruim, a culpa é só dele.
Numa tentativa de desconstruir a minha administração desde o primeiro dia de seu mandato o atual prefeito destila um ódio incomum contra mim. Não sei a que atribuir essa mágoa. Talvez tenha sido a minha vitória em 2004. Afinal, na vida dele só perdeu duas eleições em Manaus, uma para mim, outra para o Eduardo Braga. Seria essa a razão de tanto ódio? Não sei, cabe a ele explicar.
Ficou três anos e cinco meses sem fazer nada sobre o abastecimento de água na cidade e  de repente, aproximando-se o fim do mandato,  ele começa a querer passar a imagem de que eu seria o responsável pela privatização dos serviços, bem como pela entrada em Manaus da “ÁGUAS DO AMAZONAS”. Que é isso? O único responsável é ele.
Na sequencia, depois de eleger a “AGUAS DO AMAZONAS” como inimigo público número 1 da cidade,  começou a dizer que ia “expulsar” a empresa. Fez o marketing. Depois disse que estava trabalhando em silêncio, sigilosamente, para dar uma solução ao problema.
Ontem, o mistério acabou.
Ao invés de “EXPULSÃO”, ele anunciou que:
-  a “AGUAS DO AMAZONAS” muda de nome para “MANAUS AMBIENTAL”, mas continua com o mesmo CNPJ, ou seja mudou apenas o nome;
- o Grupo empresarial outrora controlador da empresa “ÁGUAS DO AMAZONAS”  admite um novo sócio – “AGUAS DO BRASIL” – que assume o controle e a gestão do serviço;
- a concessão é ampliada em mais 15 (QUINZE)  anos, sem licitação, o que significa dizer que fica no controle do serviço até 2045.
Então, é fácil concluir que não houve a EXPULSÃO prometida. Aquilo era apenas marketing.
O que houve foi um negócio entre empresas privadas, intermediado pelo chefe do executivo, que é o Poder Concedente, como ele próprio confessou. E disse mais: levou um ano, de forma sigilosa e em silêncio. Ou seja, todas as vezes que ia a São Paulo, em verdade, ia intermediar um negócio privado quando ele é um agente público.
O nome disso é advocacia administrativa e improbidade. Ou terá outro nome?
O Amazonino está “vendendo” literalmente a cidade. Já vendeu a Ponta Negra e diz que o contrato tem cláusula de confidencialidade e por isso não mostra para ninguém. Quem deveria falar come abiu verde e fica caladinho.
Agora “vendeu”, sem que o Poder Concedente receba um tostão, mais quinze anos de concessão do serviço de água e coleta de esgoto.
Já está no forno a venda dos serviços de coleta e destino final do lixo por trinta anos, até 2042, e na cidade todo mundo já sabe quem vai ganhar.
E essa venda é feita com a intermediação da mesma figura carimbada que lá atrás vendeu a COSAMA, o BEA, e etc.
Portanto, não houve EXPULSÃO. Houve negócio privado, intermediado pelo Prefeito.
Foi isso que aconteceu. Aguardemos as atitudes de quem tem a responsabilidade de defender a sociedade de acordo com a Constituição.

PESADELOS!


quinta-feira, 17 de maio de 2012

"A menina que lutou, foi presa e torturada por uma ditadura militar tornou-se a primeira presidente mulher do Brasil e, emocionada, mal contendo o choro, lembrou que a verdade não é retaliação nem perdão, é "memória e história"."

MEMÓRIA E HISTÓRIA


BRASÍLIA - Dilma Rousseff pode ter vivido ontem o grande momento de seus quatro (ou oito) anos de governo, com a instalação da Comissão da Verdade e o início da Lei de Acesso à Informação. São dois passos importantes para um país que há 27 anos tricota sua democracia.
A menina que lutou, foi presa e torturada por uma ditadura militar tornou-se a primeira presidente mulher do Brasil e, emocionada, mal contendo o choro, lembrou que a verdade não é retaliação nem perdão, é "memória e história".
E centrou no drama interminável dos desaparecidos, que é um drama também de cada um de nós: "É como se disséssemos que existem filhos sem pai, existem pais sem filhos, existem túmulos sem corpos".
Para dar um caráter histórico à cerimônia, Dilma se fez ladear pelos antecessores Sarney, Collor, Fernando Henrique e Lula, brindando com todos eles num almoço no Alvorada. Um momento, mais do que suprapartidário, republicano.
Quanto aos alvos e à extensão da Comissão da Verdade, seus sete membros refletem o que se discute na própria sociedade e divergem publicamente se é para investigar só os torturadores ou se é para vasculhar também a esquerda armada.
Diante do consenso de que a verdade é "memória", sem retaliação e sem a intenção de judicializar os resultados, a solução para o impasse -ou como se chamem as divergências- é simplesmente contar a história, com seus atores e seus momentos, sem cortes, sem trucagens.
Não se preocupem as vítimas, os familiares, a esquerda, porque essa história fala por si. Basta contá-la, sistematizando o que já há e acrescentando o quanto falta para que tenha um começo, um meio e (finalmente...) um fim.
Foi uma guerra desigual e desumana, com torturadores de um lado e torturados de outro. Não há nenhuma outra verdade a ser investigada que possa se impor a essa realidade.


Folha de S.Paulo / Editoriais / Eliane Catanhêde / Memória e História / 17/05/2012 

COLUNA DO ARTHUR NETO

NO FORNO
Do Blog Brasil247
17 de May de 2012 às 17:15


A CPMI DO CACHOEIRA TEM TUDO PARA INVESTIGAR A FUNDO UMA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA DE ENORME CAPILARIDADE, MAS A MAIORIA QUE A COMPÕE INSISTE EM VIRAR AS COSTAS PARA A SOCIEDADE

A CPMI destinada a investigar o tentacular esquema de corrupção montado a partir do contraventor Carlos Cachoeira abriu o forno para preparar a "pizza". Tem tudo para investigar a fundo uma organização criminosa de enorme capilaridade, mas a maioria que a compõe insiste em virar as costas para a sociedade.
Quebrou parcialmente os sigilos da Delta Construções: apenas na região Centro-Oeste – e não nacionalmente – dentro do roteiro traçado por Lula de usar a investigação parlamentar para buscar atingir "inimigos" e poupar "amigos", como o "Serginho", na verdade Sergio Cabral, governador do Rio de Janeiro e bacante de Paris.
Deixou de convocar os governadores Marconi Perillo (PSDB-GO), que já se declarou disposto a depor, Agnelo Queiroz (PT-DF) e Sergio Cabral. Os dois últimos se pegam com todos os santos para não irem à CPI.
Poupou o notório Fernando Cavendish, que enriqueceu nos nove anos e meio de governo petista no Brasil: sua Delta, que era pequena, nesse espaço de tempo tornou-se a sexta maior empreiteira do país. Virou, afinal a preferida do PAC e do governo fluminense, bilionária em ambas as instâncias.
As ligações de Cavendish com Cachoeira são notórias. Como não investigá-lo? Como fingir que ele não existe. Como subtrair as verdades que a nação precisa conhecer? Por medo de que termine falando o que sabe e viu, ele que se declarou acostumado a comprar políticos e favores por cinco ou vinte milhões de reais? Por temerem que as mazelas do PAC venham à tona? Para homiziar o "Serginho"?
A ideia central é assar mesmo a pizza, tentando mover guerra a adversários e, no máximo, entregando a cabeça do já moribundo governador petista do Distrito Federal. Pode ser que não consigam atingir o torpe intento, se os acontecimentos se precipitarem e tornarem impossível a chicana.
Lembro-me dos preparativos para a instalação da CPI dos Correios, que terminou desvendando os meandros do maior escândalo da história republicana brasileira, o mensalão. O governo indicou para presidi-la o senador Delcidio Amaral (PT-MS) e se negou a entregar a relatoria à oposição.
Em função disso, fomos para o embate no voto, disputando a presidência através da candidatura do senador baiano Cesar Borges. Perdemos por margem apertada, o vitorioso tomou posse e indicou para a relatoria o deputado Osmar Serraglio, do PMDB paranaense.
Parecia o "crime" perfeito: CPI sob a direção de dois membros da base de apoio a Lula. Os estrategistas do governo não contavam com dois fatores relevantes: a imprensa livre denunciava os delitos e estes não puderam ser menoscabados pela Comissão. E tanto Delcidio quanto Serraglio não se prestaram ao papel de mamulengos dos ventríloquos do Planalto. Com o depoimento arrasador de Duda Mendonça, confessando que recebera milhões de dólares no exterior pelo trabalho de marketing realizado na campanha presidencial petista, ficou impossível empanar quaisquer outros fatos.
O governo ainda instalou outra CPI, paralela à dos Correios e escolheu a dedo os parlamentares que se dedicariam ao deboche de esconder a verdade. Durou pouco tempo. Morreu sem glória.
Ainda tenho a esperança de ver algo se impor ao roteiro mediocremente traçado: investigações limitadas e seletivas, ataques sistemáticos ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, justamente o homem que sustentará, no STF, as acusações aos mensaleiros, e à imprensa livre. Em suma, colocar o procurador–geral e a imprensa no banco dos "réus" e deixar flanando Cavendish e seus parceiros da "república do rabo preso".
Creio que o Brasil anseia por isso e se frustrará se os pizzaiolos levarem a melhor.