quarta-feira, 23 de novembro de 2011

COLUNA DO ARTHUR NETO - CRISE DE AUTORIDADE


CRISE DE AUTORIDADE


 Lisboa – A senadora Serys Shessarenko, do PT matogrossense, apresentou, em 2009, Projeto de Lei determinando o uso obrigatório da flexão de gênero, para nomear profissão ou grau, em caso de diplomas. Dilma Rousseff, então, teria de ser chamada compulsoriamente de “presidenta”, ficando interditada a expressão “presidente”.

A matéria está na Comissão de Constituição e Justiça da Casa, pronta para entrar em seu primeiro teste de votação. Indago: seria constitucional a afronta à língua portuguesa, que prevê, livremente, as duas formas? Indago ainda: deveria ser essa uma iniciativa prioritária, se temos tantos problemas reais no Brasil, no campo da reforma política, das políticas sociais, das questões econômicas?

Por exemplo, que tal um Projeto que transforme a corrupção em crime hediondo? Ou a deliberação, sem mais delongas, da idade para alguém começar a pagar por crimes que venha a praticar? Digamos que a iniciativa da senadora vire norma legal e, tem lei que “pega” e lei que “não pega”. Mas por absurdo que pareça, “pegue”. Como deveria referir-me a Dilma Rousseff, eu que prefiro chamá-la de presidente, seja por sonoridade, seja para ficar bem longe dos áulicos que fazem a flexão para agradar o poder do momento? Obrigar-me-iam a adotar o “presidenta”?

Está bom, então. Tenho de começar a treinar: “presidenta”, porque a senhora “demite” ministros corruptos e os substitui por gente do mesmo partido?  

“Presidenta”, porque a senhora ainda tolera a presença de Carlos Lupi no seu Ministério? Mesmo sabendo das falcatruas, das mentiras, da perda de densidade política e moral do seu governo? Mesmo sabendo das ONGs de fachada que abiscoitaram milhões e milhões de reais dos cofres públicos, na pasta do Trabalho, na dos Esportes e por aí afora?

“Presidenta”, a senhora sabe que, dando sobrevida a Lupi está armando os partidos aliados, quase todos eles maiores que o PDT, para a confrontarem na hipótese de algum ministro “deles” ter de ser expurgado do Gabinete? Sabe que está abrindo mão do direito de nomear e demitir que lhe foi conferido pelas urnas de 2010?

“Presidenta”, daqui em diante, nem pense em demitir alguém do PMDB, do PP, do próprio PT. Não dá mais para levar avante desejo assim.

Finalmente, “presidenta”, que tal investigar a fundo as denúncias que já derrubaram tantos ministros seus? A sociedade pretende que o dinheiro surrupiado seja devolvido aos cofres públicos. É pedir demais?

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AÇÃO JUSTA

Lisboa – A Polícia Federal, muito certamente autorizada pela Justiça a pedido do Ministério Público, empreendeu devassa em documentos da Prefeitura de Benjamin Constant, a partir de denúncia de fraude em licitações para a compra de merenda escolar. Os desdobramentos desse fato deverão vir à luz nos próximos dias. A corrupção está cada dia mais ousada neste País. Agora nem as criancinhas escapam.          Qualquer desvio de dinheiro público atinge a sociedade como um todo e é condenável. Quando se trata de expropriar crianças, a coisa fica ainda mais nojenta, porque mexe com vidinhas preciosas e embrutece o futuro brasileiro.

O DESABAFO DE UMA MÉDICA ONCOLOGISTA, QUE LIDA, DIARIAMENTE, COM PESSOAS COM CÂNCER!


Meus amigos, como oncologista digo que ninguém está desejando mal ao Lula ou aos pacientes sofredores de câncer, mas sabemos que quando um governante passa na pele o que um paciente passa para ter o direito a um tratamento digno e justo, ou mesmo morre na fila esperando um medicamento, uma cirurgia ou simplesmente pela ineficiência do sistema, temos que nos revoltar!!!

Porque todos não têm o... direito de ter um diagnóstico no sábado e iniciar o tratamento na segunda, me digam um paciente que conseguiu essa presteza, ou que tratou linfoma com a droga de ponta que a Dilma usou, ou vai fazer infusão contínua com cateter e bomba de infusão de uso domiciliar???

Por que não nos exasperarmos por nem todos terem os mesmos direitos???

Somos diferentes porque não temos convênios, ou mesmo cargos importantes???

E a Constituição Federal não diz que temos todos os direitos e somos iguais???

Temos sim que aproveitar essa situação e mostrar que há diferenças nos tratamentos e lutar pelos direitos dos mais fracos. Não é justo que um paciente espere 30-40 dias para ter um diagnóstico patológico, ou aguarde na fila de cirurgias, simplesmente porque não há mais médicos se submetendo aos salários de fome que o SUS paga!

Pagar de 10 - 17 reais de honorários de quimioterapia por paciente/mês é simplesmente um achaque!

Pagar 1.200 reais por Mês para médicos da rede pública por 20 horas de trabalho, e fazê-los atender 18 pacientes ou mais em 04 horas é um abuso!

Eu quero sim que ele se cure e tenha um excelente tratamento, que com certeza já está tendo, mas e o paciente que atendi hoje que não teve a mesma sorte 
e está morrendo no hospital com menos de 30 anos...

E as mulheres com câncer de mama que não conseguem usar o tratamento mais moderno?

E a fila da reconstrução mamária das mulheres mastectomizadas?

E as filas imensas da radioterapia, que só não são maiores pela abnegação de radioterapeutas que tratam os pacientes SUS em suas clínicas privadas,
muitas vezes arcando com os custos do tratamento para verem seus pacientes melhor atendidos?

Temos sim que falar, temos que mostrar à população que não é assim que ocorre no dia a dia de pacientes oncológicos, que ficam sentados dentro de ambulâncias o dia todo aguardando para voltarem para suas casas após terem feito seus tratamentos ou seus exames cedo pela manhã, aguardando aqueles que fazem exames e tratamentos á tarde.

Se vocês não sabem o câncer é uma doença que mais mata somente vindo atrás das doenças coronarianas.

Quase um problema de saúde pública!

E seus custos são altos sim, mas não justificam que para custeá-los temos que sacrificar pacientes que teriam chances reais de cura, que hoje mesmo a doença se encontrando em estágios avançados chegam aos índices de 50 %.

Sinto muito se o Lula está passando por isso, mas com certeza não está lutando para ter seu medicamento e passando por um grave estresse para ver quando vai começar ou quando vão lhe chamar para iniciar seu tratamento!

Queria que todos os pacientes oncológicos tivessem o direito ao tratamento de ponta oferecido no Sírio ou no Einstein!! 

Somente nós médicos sabemos o dilema ético ao dizer ao paciente que terá que fazer um tratamento, mas que talvez não tenha acesso no sistema, por exemplo a hormonioterapia extendida para câncer de mama após uso de Tamoxifeno, não é disponibilizada ao pacientes do SUS, porque não tem código para esse tratamento, haja visto que a tabela está desatualizada.

O SUS diz que paga tudo, as tabelas realmente não dizem qual tratamento o médico deve fazer, o médico pode prescreve o que quiser, entretanto, o valor pago pelo código da doença é ínfimo e não cobre os novos tratamentos, quem paga a conta???

Os hospitais filantrópicos???  Os hospitais públicos já tão sucateados...

Ou deixamos assim, e não nos indignamos, afinal eu não tenho nada a ver com isso, na minha família ninguém tem câncer, e eu tenho convênio de saúde, para que vou me preocupar????

Quando a água bater naquele lugar, quero ver... Sorry pelo desabafo!

Mas é irritante escutar tanta coisa de quem não tem a mínima noção do que seja a saúde nesse país, e isso que em Blumenau e no Sul, vivemos num paraíso, comparado com o resto do país!

Brasil Dignidade
Dra. Liziane Anzanelo
Oncologista - Blumenau - SC


terça-feira, 22 de novembro de 2011

COLUNA DO ARTHUR NETO - JANGO


JANGO

Lisboa – Estou lendo JOÃO GOULART, de Jorge Ferreira, alentada biografia do ex-Presidente que assumiu, em setembro de 1961, a cadeira do renunciante Jânio Quadros. Houve o veto militar à posse e a isso se seguiu o episódio épico da Cadeia da Legalidade, liderada, do Palácio Piratininga, pelo governador gaúcho Leonel Brizola. Terminou havendo um acordo que evitou a guerra civil: estabeleceu-se um parlamentarismo canhestro, prematuro, com Tancredo Neves de Primeiro-Ministro.

Este, com sua proverbial lealdade, trabalhou o tempo todo para que se restabelecesse o presidencialismo e, com ele, os poderes que tinham sido subtraídos de Jango Goulart. Em 1962, após plebiscito, morria aquele parlamentarismo torto e se restabelecia o regime anterior.

Meu pai foi líder do PTB de Jango e Brizola na Câmara, como Deputado. E desse mesmo partido, acumulando com a liderança do Governo, no Senado.

Viveu momentos duros. Com a queda de Jango e o advento da ditadura de março-abril de l964, o senador Arthur Virgílio Filho, depois de ter sido um dos dois únicos a não votar em Castelo Branco (o outro foi Josaphat Marinho), tornou-se o primeiro líder da oposição. Minha família e eu temos muito orgulho dessa passagem.

Jango tomou posse apoiado na Cadeia da Legalidade, conjunto de rádios pelas quais Brizola falava ao Brasil e, também, na coragem de alguns governadores: Mauro Borges, de Goiás, que logo aderiu ao movimento que soprava do Sul; Gilberto Mestrinho, do Amazonas, que apostou seu futuro politico na ideia de que o veto a Jango ruiria, e Ney Braga, do Paraná, menos por convencimento e mais pela pressão de Brizola e do general Machado Lopes, Comandante do III Exército, sediado em Porto Alegre.

O livro tem mais de 700 páginas. Estou ainda no começo. Dá para perceber, no entanto, que o autor, em que pese nítida simpatia pelo personagem, realizou trabalho de fôlego.

Jango povoou o início de minha adolescência. Era Vice-Presidente da República e adorava comer peixes do Amazonas lá em casa, no Rio. Era um estancieiro gaúcho típico, que saboreava as boas conversas com pessoas queridas.

Eu o estimava. Respeito sua memoria. Mas consigo perceber sua obra de governo com olhar crítico. Às vezes penso que a chegada à Presidência, nas condições em que se deu, pegou-o de surpresa. Como Vice, dominava o esquema sindical e era figura de extrema importância na política nacional. Como Presidente, exibiu boas intenções, porém, sobretudo, não conseguiu conduzir o País pela rota da estabilidade político-econômica.

Era um grande ser humano. Simples e generoso.

Sofreu muito com o exílio no Uruguai. Meu pai volta e meia o visitava.

Quem matou Jango não foi o coração. Este foi consequência da angústia de querer voltar à pátria e não poder.

Voltou… para ser enterrado em São Borja.  

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Roberto Amaral como um grande MITÓLOGO, resiste em admitir que FHC construiu o REAL e que este se tornou na estrutura indispensável para o Governo Lula avançar no Social. O Roberto não precisava ser sectário!

Projeto da grande imprensa é varrer a ‘era Lula’ | Carta Capital

COLUNA DO ARTHUR NETO


MOMENTO GRAVE



Lisboa – Do ponto de vista estritamente econômico, a situação aflitiva da Grécia passou a plano secundário no rol das preocupações dos dirigentes e líderes da União Européia. É que a Itália, muito maior e, portanto, com potencial de alargar desmedidamente os limites da crise, entrou na ordem do dia.

Sílvio Berlusconi caiu e, dentro da inegável margem de estabilidade institucional que o parlamentarismo garante, o novo governo já está sendo organizado. No presidencialismo, haveria um maremoto. No parlamentarismo, "la nave va".

Mas o cenário italiano é preocupante. Reformas estruturais e ajuste fiscal rigoroso são os remédios primeiros e básicos a serem aplicados.
         
A própria França coloca suas barbas de molho e promove ajuste interno de fôlego. Está em jogo a arquitetura política e econômica que, pelos cérebros e mãos de Helmut Kholl e demais estadistas de sua época, resultou na União Européia.

Comecei dizendo que, do ponto de vista estritamente econômico, a Grécia perdeu relevância. Se saísse da zona do euro, em pouco abalaria os alicerces ali plantados. Mas existe o fator político, que recomenda esforços no sentido de não soltar esse pequeno país ao mar. Sua defecção significaria, em termos de símbolo, a demonstração de que a unidade seria mais frágil que o ideal e que o necessário.

O símbolo, como sabemos, embora impossível de ser medido em números, é pelo menos tão expressivo quanto os valores calculáveis e tangíveis.

domingo, 20 de novembro de 2011

COLUNA DO ARTHUR NETO


ESPERA O QUÊ?


 Lisboa – Quando este artigo estiver em circulação, o senhor Carlos Lupi já não deverá ser mais ministro do Trabalho e Emprego. Faz tempo, alias, que ocupa artificialmente a cadeira, mentindo para a sociedade, para a imprensa e para a própria presidente da República.

Não trabalha e nem gera emprego. Limita-se a remendar, diariamente, desculpas esfarrapadas que não conseguem jogar fumaça sobre os fatos reais. Não é mais ministro e pronto.

Pouco me importa a figura de Lupi. Viajou de King Air com o “dono” da Ong Pro-Cerrado, sim. Fotos são indesmentíveis. Deveria ter pedido demissão formal do cargo que já não exerce de fato. Prefere a agonia lenta com morte certa a adotar, uma vez na vida, um gesto generoso e aberto.

Interessa-me é como se dará a escolha do seu sucessor. Alguém do PDT “lupista”? Alguém escolhido a dedo para varrer o desvio de dinheiro público para debaixo do tapete?

Ou seria Dilma Rousseff capaz da grande virada, mandando apurar, apontando culpados, cobrando as punições devidas? Hoje, sua figura começa a cair em descrédito. Tenta não demitir os delinquentes. Só o faz quando não dá mais para mantê-los. E, ao fim e ao cabo, permite que eles próprios e suas máquinas partidárias apodrecidas apontem os substitutos-protetores.

Essa tática, estilo lesa-opinião pública, se exauriu. Não engana mais ninguém. Agora, ou a presidente se acumplicia de vez com a política do clientelismo e da corrupção, ou rompe com ela e se irmana aos brasileiros de bem.

Torço pela segunda hipótese. Com pouca esperança, contudo com alguma esperança.
Manter Lupi ministro seria um escárnio. “Demiti-lo” e combinar com ele o sucessor equivaleria a um escárnio duplo. A propósito, a presidente espera o quê, ainda?

A rota da legitimidade exige mudança de 180 graus nos rumos do governo. Não existe possibilidade de eficiência administrativa em clima de baixa moralidade. Pode até a sintonia com a moralidade não representar, necessariamente, êxito de governança, todavia sem ela o fracasso real é inevitável. Não me refiro a enganação e propaganda. Falo de governos eficientes, eficazes, mudancistas e que rejeitam táticas totalitárias de manipulação de corações e mentes.

Mostre a cara, presidente. Estamos a aguardar por isso.

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COLETA E DESTINO

Lisboa – Em muitas cidades brasileiras, a coleta de lixo ainda é um problema. Manaus era assim, quando cheguei para governá-la. Simplesmente não havia coleta sistematizada. Os equipamentos eram defasados, a população sofria com a irregularidade e terminava depositando o lixo doméstico de qualquer maneira. Era a época das "lixeiras viciadas" e nem se podia pensar em reciclagem e aproveitamento econômico de resíduos. Pois criamos um sistema, fizemos campanhas educativas pelos órgãos de comunicação, a sociedade aderiu e Manaus se tornou uma cidade limpa. Havia lugares, por exemplo, onde a varrição de dava cinco vezes ao dia. Em outros, uma vez. Em outros ainda, três vezes por semana. Em alguns, duas vezes e, nos locais ainda não urbanizados, fazíamos mutirões quinzenais. Tive dois excelentes secretários de limpeza urbana: Ivanildo Cavalcante, verdadeiro trator humano, e Ailton Luiz Soares, atual secretário de Assuntos Fundiários do Estado, figura de raro senso estratégico e, ao mesmo tempo, muito operacional. Deram conta do recado. Mas eu dizia que em muitas cidades brasileiras, a coleta ainda é um problema. Em outras, que avançaram mais, a reciclagem eficiente faz com que o lixo vire solução e se transforme em riqueza, gerando empregos e possibilitando o florescimento de empresas bem armadas tecnologicamente. É esse caminho que temos de trilhar.