segunda-feira, 17 de outubro de 2011

VAI ACONTECER DE NOVO

Arthur Virgílio
dIPLOMATA, FOI LÍDER DO psdb NO sENADO
13 de Outubro de 2011 às 07:58


Se Dilma enveredar por esse caminho tortuoso, opaco, seu governo se esvairá na covardia e na mediocridade. 


Quem não se lembra dos “anões do Orçamento”, quadrilha de parlamentares que se organizou para manipular e assaltar a peça orçamentária nacional? Alguns foram cassados, outros renunciaram para evitar a punição, certos deles enfrentaram a CPI e dela saíram ilesos, seja porque provaram suas inocências, às vezes até coagindo colegas investigadores de “rabo preso”.
De lá para cá, pouco se fez para impedir novos delitos. A Comissão Mista de Orçamento permanece uma balbúrdia, os interesses menores prevalecem sobre as necessidades estratégicas da Nação, lobistas de empreiteiras agem à solta, apoiados em parceiros com assento no Congresso.
Após o episódio dos “anões”, diversos outros problemas surgiram, sem alcançar a mesma repercussão. É corriqueiro, no dia marcado para se votar a Lei do Orçamento, certas figuras aparecerem na usualmente esvaziada sessão bicameral ameaçando o governo: “ou nos concedem isso e aquilo ou pediremos verificação de quórum e vocês verão que não se votará nada no dia de hoje”.
As exigências são sempre de cunho clientelista ou de ética duvidosa. Jamais a defesa dos interesses dos estados que representam. Nunca o perfilamento a um ponto de vista elogiável.
Leio agora que a “base” de apoio a Dilma Rousseff ameaça não aprovar a necessária Desvinculação de Receitas da União (DRU), a menos que ela se renda à pressão fisiológica, à fome por cargos de segundo e terceiro escalões e ao pagamento de “x” milhões de reais de emendas parlamentares a cada “patriota” “revoltado” e ansioso por mais “carinho” oficial.
Se Dilma enveredar por esse caminho tortuoso, opaco, seu governo se esvairá na covardia e na mediocridade. Se se decidir a enfrentar a chantagem, merecerá contar com apoio episódico das oposições, se estas estiverem falando a sério para o País.
Quanto ao Orçamento, digo sem medo de errar: está para acontecer outro escândalo ao estilo dos “anões”. É só prestar atenção na sua confecção anual para concluir que as coisas vão de mal a pior. Essa lei, que deveria ser o momento mais nobre da atividade congressual, vem sendo tratada como instrumento de barganha, a peso de interesses inconfessáveis.
Acordemos, antes que o Brasil apodreça de vez.

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