segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Paralisada pelas dívidas, sobrevivendo apenas graças ao apoio das potências europeias, prejudicada por uma administração ineficaz: este diagnóstico cru do mal que aflige a Grécia foi feito pelo francês Edmond About… em 1858. É oportuno ler o texto do autor do livro A Grécia contemporânea, membro da Academia Francesa e jornalista. Alguns empresários amazonenses bem que gostariam que a Grécia fosse aqui, no Amazonas.

GRÉCIA, UM PAÍS IRRECUPERÁVEL HÁ 150 ANOS - 1a. Parte. 

A Grécia é o único exemplo conhecido de um país que vive em plena bancarrota desde o dia em que nasceu. Se a França ou a Inglaterra se encontrassem, um ano que fosse, nesta situação, assistiríamos a terríveis catástrofes. 

A Grécia viveu mais de vinte anos em paz, numa situação de bancarrota. Todos os orçamentos são, do primeiro ao último, deficitários.

Num país civilizado, quando o orçamento das receitas não chega para cobrir o orçamento das despesas, recorre-se a um empréstimo contraído a nível interno. Este é um meio a que o governo grego nunca tentou recorrer e, se tivesse tentado, não teria sido bem sucedido. Foi preciso as potências protetoras da Grécia garantirem a sua solvabilidade para o país poder negociar um empréstimo no exterior. 


Os recursos fornecidos por esse empréstimo foram desperdiçados pelo governo, sem quaisquer frutos para o país, e, depois de o dinheiro ter sido gasto, foram precisos os bons ofícios dos fiadores para cobrir os juros. A Grécia não tinha condições para os pagar.

Agora, renunciou à esperança de alguma vez honrar os seus créditos. Se as três potências protetoras continuarem indefinidamente a pagar por ela, a Grécia não ficará em muito melhor situação. As suas despesas continuarão a não ser cobertas pelos seus recursos.
VEJA / BLOGS E COLUNISTAS / Antonio Ribeiro, de PARIS

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