terça-feira, 6 de dezembro de 2011


RUTH CARDOSO


Lisboa – Li o livro de Ignácio de Loyola Brandão: "Ruth Cardoso - Fragmentos de Uma Vida". Vale a pena.

Descreve a história de uma mulher culta, detentora de todos os lauréis acadêmicos, porém simples, reservada, modesta. Digna o tempo todo.

Quando seu marido governou este país, ela montou, em parceria com ONGs que em nada lembram as falcatrueiras das recentes manchetes dos órgãos de comunicação, o Comunidade Solidária. Para isso, extinguiu a assistencialista LBA e iniciou programas que culminaram na Rede de Proteção Social que marcou o período Fernando Henrique.

Nascia aí o embrião de programas como o Bolsa-Escola, o Vale-Alimentação, o Vale-gás, o Projeto Sentinela e tantos outros adotados por Fernando Henrique e depois englobados por Lula no Bolsa Família.

Sua vida valeu a pena de ser vivida. Serviu muito bem ao seu país, ao seu povo, principalmente como a antropóloga realista que foi.

Tudo nela chegava ao concreto. Tudo tinha começo, meio e fim. Fazia as coisas acontecerem.

UMA GRANDE MULHER

Lisboa – Em breve, lerei "Ruth Cardoso - Obra Reunida", livro organizado por Tereza Pires do Rio Caldeira, ex-aluna da notável antropóloga, hoje lecionando em Berkeley, nos EUA. O Estado de São Paulo, em sua edição de 12 de novembro último, veiculou bela matéria intitulada "A Moderna Antropologia de uma Discreta Feminista", recomendando a leitura do trabalho concatenado por Tereza Caldeira.

Difícil ver quem, teorize bem e, ao mesmo tempo, meta a mão na massa e transforme a teoria em realidade tangível. Pois Ruth era assim.

Ouvia com paciência. Falava com precisão. E, tirado um consenso com seus discípulos e colegas, queria partir logo para a pesquisa de campo. Queria transformar a realidade numa coisa melhor. Queria fazer a parte que lhe coubesse com aplicação perfeccionista.

Um grande ser humano. Uma grande mulher.

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