quarta-feira, 10 de julho de 2013

Este artigo de Jonas Potiguar está publicado no site Pampalivre.info que propõe a "Restauração incondicional da independência e autonomia política da República Rio-Grandense". Não localizei maiores informações sobre o autor. Mas acredito que as informações por ele apresentadas sejam importantes para se conformar uma ideia geral sobre o tema "Narcotráfico". A sua publicação neste Blog não significa concordância com os seus pontos de vista defendidos.

O NARCOTRÁFICO JÁ É O MAIOR NEGÓCIO IMPERIALISTA DO MUNDO 
(Primeira Parte)

Jonas Potiguar

O total da produção mundial de bens hoje em todo o mundo alcança a cifra astronômica de 25 trilhões de dólares (por volta de 300 vezes a produção anual do Brasil). Uma parte importante dessa produção é realizada pelos trabalhadores das grandes empresas transnacionais, que empregam 40 milhões de trabalhadores. A produção das 500 maiores empresas do mundo, produzindo em todos os continentes, em 1998, chegou a US$ 11 trilhões de dólares. Seus lucros chegaram 440 bilhões de dólares. Os setores de ponta desta produção é a indústria automobilística (em torno de 1 trilhão de dólares), petrolífera (900 bilhões) e eletro-eletrônicos (750 bilhões) em dados da revista Fortune de 1994.

A indústria do narcotráfico movimenta entre 750 bilhões de dólares a US$ 1 trilhão, portanto se equiparando a estes setores de ponta. Porém, seus lucros são muito superiores aos granjeados no conjunto destes três setores acima mencionados. Isto é permitido pela grande diferença de preço da matéria prima (folha de coca) que é vendida a US$ 2,5 por kg na Bolívia ou na Colômbia, depois é transformada em cocaína passa a valer US$ 3.000 na Colômbia, chegando a São Paulo a US$ 10.000 e alcançando o preço estratosférico de US$ 40.000 dólares no mercado norte-americano e US$100.000 no Japão. O mesmo se pode dizer da heroína e da maconha. É o negócio mais rentável do mundo: alcança lucros de mais de 3.000% e o custo de produção alcança somente 0,5% e o de distribuição 3% do valor do produto. Em 1992, os lucros com tráfico de drogas estavam em torno de 300 bilhões de dólares, quase 6 vezes o lucro alcançado pelas indústrias petrolífera, automobilística e de equipamentos eletro-eletrônicos juntas.

A globalização do narcotráfico

As máfias, a partir do final dos anos 80, se globalizam, buscando uma associação estreita entre as grandes gangues em nível mundial. Os cartéis colombianos, que alimentam todos os outros cartéis desse ramo e faturam por volta de US$200 bilhões anuais, as máfias orientais, que dominavam a produção de papoula (matéria prima da heroína e do ópio, no Triângulo Dourado formado por Birmânia, Tailândia e Laos), as máfias italianas com suas irmãs americanas, a Yakuza japonesa, as máfias chinesas, assim como as máfias africanas e as novas, porém fortes, máfias russas, todas se relacionam.

É um império subterrâneo, com ramificações em mais de trinta países e penetra em todas as esferas de poder estatal, empresariais e sociais. Emprega centenas de milhares de membros organizados e alguns milhões de trabalhadores na produção da matéria prima (folha de coca ou papoula).

O negocio inclui tráfico de drogas, vendas de armas, lavagem de dinheiro do narcotráfico, prostituição adulta e infantil, tráfico de órgãos humanos, suborno, extorsão, controle de área inteiras utilizando métodos violentos de terror com uma estrutura paramilitar.

Segundo dados da revista Newsweek o capital acumulado a cada ano por todas as máfias do mundo é estimado em US$ 3 trilhões, ou seja, mais de 10% de toda produção mundial.


Se prossegue este ritmo vertiginoso de crescimento deste negócio, os cartéis e grupos econômicos que dominem este setor serão a principal fonte de poder econômico do planeta. Por isso, discutir o narcotráfico significa, necessariamente, discutir quem controla regiões inteiras do planeta onde é cultivada a matéria-prima e onde são instalados os laboratórios para produzir drogas.

A "guerra ao narcotráfico" é uma disputa por territórios, entre governos e máfias narcotraficantes. É um negócio como outro qualquer, com a diferença que sua proibição faz oscilar os preços de forma espetacular.



Neoliberalismo e narcotráfico

Ainda que exista há décadas, só a partir dos anos 90, com o neoliberalismo, o narcotráfico se desenvolveu e adquiriu peso e importância mundiais. É uma das atividades econômicas mais dinâmicas e rentáveis. O neoliberalismo foi a esteira que permitiu o verdadeiro salto de um negócio marginal para o maior de todos os negócios. A queda dos preços das matérias primas nos países pobres criou as condições para que partes importantes do campesinato da Colômbia, Peru, Bolívia, Paraguai, Brasil, etc. se dedicassem a produção da matéria prima para a fabricação da cocaína, da heroína e da maconha. Ao mesmo tempo, abriu espaço para que setores burgueses desses países se reorientassem para este negócio, em franca ascensão, enquanto os negócios "legais" encontram-se em recessão.

A abertura indiscriminada dos mercados, a desregulamentação financeira internacional, abriu as comportas do sistema financeiro mundial para uma enxurrada de narco-dólares que são lavados em paraísos financeiros (Caribe) ou no Uruguai, Argentina, Brasil, Suíça, EUA, Israel, etc. Grandes bancos aceitam de bom grado o que se estima em US$ 1 trilhão de narco-dólares que são lavados anualmente no sistema financeiro mundial. Este dinheiro cumpre um papel importante na especulação mundial, no crescimento artificial das bolsas de valores, assim como é recebido com "fogos de artifício" pelos governos neoliberais capachos.

Lucros escalonados

Como qualquer negócio imperialista, há diversas fases desta indústria. A parte do leão fica com os países imperialistas que recolhem a maior parte dos lucros deste negócio, enquanto que para os países "produtores de matérias primas", do "terceiro mundo", ficam as menores fatias do bolo e mesmo assim nas mãos dos grandes traficantes.

O "negócio" começa nos países semi-coloniais que entram com a produção (Colômbia, Peru e Bolívia no caso da cocaína ou Afeganistão no caso da heroína, por exemplo) feita por milhões de camponeses que vendem a matéria prima por poucos dólares o quilo. Daí a folha de coca passa para as mãos dos narcotraficantes "tupiniquins" que processam a matéria prima, produzindo a cocaína ou a heroína, vendendo-as já por alguns milhares de dólares. Estas gangues agarram a primeira parte dos grandes lucros do negócio, seu enriquecimento é exorbitante e está demonstrada sua relação com os partidos políticos tradicionais, com as cúpulas dominantes destes países, estendendo seu poder de corrupção a todas as atividades econômicas, políticas, sociais.

A terceira etapa do processo está nas mãos dos distribuidores nos grandes centros de consumo (principalmente EUA, que consome 240 toneladas de cocaína por ano, e Europa), em geral controlado pelas máfias dos países imperialistas (nunca denunciadas, nem perseguidas) e ficam com a maior parte dos lucros do negócio, dividido depois com os grandes bancos internacionais que fazem a lavagem dos narco-dólares, transformando-o em capital financeiro, principalmente especulativo, que vai voar pelo mundo afora em prol da "globalização". Estima-se que os EUA reciclam US$ 500 bilhões por ano do narcotráfico.

O grosso dos lucros em todos os níveis, são embolsados pelos setores da burguesia (traficante e não traficante) dos EUA. A economia norte-americana vende parte importante dos compostos químicos, recebe US$ 240 bilhões anuais por isso, uma parte dos quais se destina a repor capital no mesmo ramo da produção de drogas e outra parte é investida em outros setores da economia ou vai para os bancos. Isto transforma os EUA no país onde a narco-economia tem uma importância vital, ocupa aproximadamente 5% do PIB, se convertendo no setor mais importante da economia norte-americana.

(A segunda parte deste artigo será publicado na próxima sexta-feira)

(Publicado no site PampaLivre.info)

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