segunda-feira, 11 de junho de 2012

COLUNA DO ARTHUR


ERRÁTICA

A política econômica do governo Dilma Rousseff se revela errática. Adota medidas pontuais e insuficientes para buscar a retomada. Não contempla as colinas do longo prazo.
Lida com inflação (elevada, apesar de maquiada), em seus dois primeiros anos e corre sério risco de gastar um quadriênio inteiro assim. Mantega inaugurou 2012 alardeando crescimento de 4,5%. Cansamos de escrever que não chegaria a 3%. Hoje, é consenso no mercado que, no máximo, se repetirá a performance pífia de 2011: 2,7%.
A média da inflação (maquiada, repito) de 2011 e 2012 ficará em torno de 6%. O déficit em conta corrente ultrapassará US$68 bilhões. E a valorização do dólar, diante do real, não conseguiu, até o momento, melhorar o desempenho de nossas exportações industriais.
Lula e Dilma abandonaram a perspectiva das reformas estruturais. Ele passou oito anos evitando desgastes e deixando de aproveitar o tempo dourado da economia internacional, com os preços das commodities lá no alto. Sem falar que se beneficiou do país reformado e organizado que herdou. Meramente prosseguiu as políticas econômicas de Fernando Henrique e prestou grande desserviço ao Brasil, quando artificializou crescimento de 7,5%,em 2010, para eleger, a qualquer custo, sua candidata. Tal gesto foi o apito inicial para a desorganização da economia.
Ela administra o cotidiano de um modelo que se esgotou. Não conseguirá levar-nos a crescimento sustentável e duradouro, se imagina que o caminho, ao invés das reformas e do aumento da taxa de investimento, é o crescimento do consumo, por parte de nossas endividadas famílias. O que gera desenvolvimento mesmo é o investimento. Baixo investimento e estímulos pouco consequentes ao consumo já resultaram em espasmos. Agora, nem mais isso.
O tripé metas de inflação, câmbio flutuante e superávits primários está sendo desmontado, a cada dia, pelas ideias retrogradas de Guido Mantega. O Fundo Soberano Brasileiro (FSB), constituído, em dezembro de 2008, com restos de superávits, no valor de R$14,30 bilhões, vale, agora, três anos e meio depois, R$14,25 bilhões. Conclusões: a) o FSB tem dado prejuízo aos brasileiros; b) se se tratasse de fundo privado, Mantega teria sido demitido há muito tempo.
As ações da Petrobras valem menos, na atualidade, do que valiam na fase mais aguda da crise mundial de 2008. Isso apesar do aumento das reservas provadas, apesar do pré-sal. A empresa tem sido tão mal gerida, que nada disso serve para lhe valorizar as ações ordinárias nominativas e preferenciais nominativas.
Tantas medidas atrasadas, o governo adotou, contra o ingresso de capitais externos que agora corre atrás de investidores que, visivelmente, perdem o encanto com nossa economia. Entristece ler o respeitado consultor (na Inglaterra, consultor faz consultorias mesmo; aqui, certos apaniguados do poder enriquecem com “consultorias”) britânico Simon Anholt: “(o Brasil) é um país que desperta carinho, mas não respeito”.
Na sucupira do prefeito Odorico, aquele personagem imortal de Dias Gomes, Anholt logo seria considerado persona non grata pela Câmara de Vereadores local. As três pombinhas aplaudiriam de pé.
A realidade é outra. Devemos mergulhar nas nossas águas mais internas e delas emergir com a consciência da responsabilidade que pesa sobre os nossos ombros.
Trabalhar duro e na direção correta é o que tem de ser feito. Nada contra merecer o carinho dos ingleses. Mas precisamos preparar-nos para exigir verdadeiro respeito, de quem quer que seja.

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