domingo, 19 de fevereiro de 2012

COLUNA DO ARTHUR NETO


FICHA LIMPA É PRÁ VALER

A votação no Supremo Tribunal Federal sobre a lei da ficha limpa foi concluída com resultado consagrador pela constitucionalidade da matéria. Por 7 a 4, os ministros do STF decidiram que a lei é constitucional, deve retroagir a fatos ocorridos antes de sua sanção e pessoas condenadas por órgãos colegiados são inelegíveis.

O debate da primeira sessão foi muito bonito. Votos e opiniões consistentes. O Ministro José Antônio Dias Toffoli, que votou pela declaração de inconstitucionalidade da lei, não o fez para defender corruptos; sua opinião é que não se poderia suprimir a última instância (o próprio STF), para se considerar alguém definitivamente culpado. É uma tese respeitável, que se assemelha à proposta feita, tempos atrás, pelo Senador Pedro Simon: os processos envolvendo denúncias de corrupção teriam de ser julgados, obrigatoriamente, da primeira à última instância, antes da diplomação (ou até da posse) dos candidatos processados que tivessem obtido êxito eleitoral.

A realidade demonstrou a impossibilidade prática de a solução sair por essa via tão correta tecnicamente. E a maioria da Corte inovou, respaldada no aspecto simbólico da lei e na força, a ser observado pelo mais elevado tribunal do país, do respeito à soberania popular. Legítima posição, apoiada amplamente pelos brasileiros, que não invalida a sensata preocupação do senador Simon e nem desmerece o voto corajoso de Toffoli.

Importante é que começa um processo de depuração na política brasileira. Processo irreversível, que terminará atingindo muita gente que, hoje, ainda não foi condenada por atentados que visivelmente pratica aos princípios da ética e da moralidade no tato da coisa pública. Ninguém se iluda quanto a isso.


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