GRÉCIA, UM PAÍS IRRECUPERÁVEL HÁ 150 ANOS.
3a. Parte: Não Pagar Impostos é Quase Ponto de Honra; e Esperança Presunçosa.
Não pagar impostos é quase ponto
de honra
Os contribuintes nômades
(pastores, madeireiros, carvoeiros, pescadores) fazem gosto em não pagar
impostos e não pagar é quase um ponto de honra. Pensam que, como no tempo dos
turcos, o inimigo é quem detém o poder e que é direito de qualquer homem guardar
o seu dinheiro.
Era por isso que, até 1846, os ministros das Finanças faziam
dois orçamentos de receitas. Um deles, o orçamento de exercício, indicava os
montantes que o Governo deveria receber nesse ano, os direitos que lhe eram
devidos; o outro, o orçamento de gestão, indicava aquilo que esperava receber.
E, como os ministros das Finanças
estão sujeitos a enganar-se com vantagem para o Estado no cálculos dos recursos
prováveis a serem realizados, teria sido necessário fazer um terceiro
orçamento, indicando as somas que o governo tinha a certeza de receber.
Por
exemplo em 1845, em relação às rendas dos olivais do domínio público,
usualmente cobradas por particulares, o ministro inscreveu no orçamento de
exercício a soma de 441 800 dracmas. Esperava (orçamento de gestão) que, dessa
soma, o Estado tivesse a sorte de receber 61 500 dracmas.
Esperança Presunçosa
Mas essa esperança era presunçosa, uma vez que, no ano anterior, o Estado não recebera a esse título nem 441 800 dracmas, nem 61 500 dracmas, mas apenas 4 457 dracmas e 31 centavos ou seja, cerca de um por cento do que lhe era devido. Em 1846, o ministro das Finanças não redigiu um orçamento de gestão e o hábito perdeu-se.
As despesas da Grécia são assim
compostas: dívida pública (dívida interna, dívida externa), lista civil,
prestações às câmaras, serviço dos ministérios, despesas de cobrança e
governança, despesas diversas.
Se eu conhecesse um governo que
duvidasse da sua força, do seu crédito, da dedicação dos seus partidários e da
prosperidade do país, dir-lhe-ia: “Abram um empréstimo.”
Só se empresta a governos que se
julga estarem bem firmados. Só se empresta a governos considerados
suficientemente honestos para cumprirem os seus compromissos. Só se empresta a
governos que se tem interesse em manter. Em nenhum país do mundo, a oposição
fez aumentar os fundos públicos. Em suma, só se empresta quando há motivos para
emprestar.
VEJA / BLOGS E COLUNISTAS / Antonio
Ribeiro, de PARIS
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