NADA
A COMEMORAR
Lisboa
– Contrariando os prognósticos dos analistas econômicos mais respeitáveis do
País e a própria expectativa inconfessada do Banco Central, o governo conseguiu
fechar 2011 com a inflação exatamente no teto da meta: 6,5%. O ultimo IPCA veio
na medida em que evitou o constrangimento de o BC ter de escrever carta à
Nação, desculpando-se e explicando as razões da falha.
Nada
a comemorar, porém. A equipe econômica chefiada por Guido Mantega sabe que foi
preciso maquiar o cálculo dos índices inflacionários: cortaram a CIDE e adiaram
a entrada em vigor do imposto sobre o cigarro e, com isso, disputaram
verdadeira final de Copa do Mundo contra a superação do teto da meta.
O
resultado final foi pífio: inflação real acima de 6,5%, inflação maquiada de
6,5% e crescimento inferior a 3%. Além disso, perspectiva de inflação bem acima
do centro da meta, contra crescimento, novamente em torno de 3%, neste 2012.
Vale
esclarecer que o centro da meta estabelecido pelo Banco Central é
excessivamente alto e condescendente para uma economia civilizada. O teto então
chega a ser abusivo.
Basta
dizer que o centro da meta na Colômbia é 3% e, apesar disso, esse país cresce
mais que o Brasil. No Peru é 2% e, em que pese tanta rigidez, o crescimento
econômico por aquelas bandas tem sido sustentável e espetacular.
Dilma
não aproveita sua numericamente formidável base de apoio parlamentar para
implementar reformas estruturais que catapultariam o Brasil para o verdadeiro
desenvolvimento. Repete Lula, o imediatista, que fugiu das reformas em nome de
uma popularidade que não serviu à sociedade e não lhe garantirá lugar de honra
na História.
A
base parlamentar de Dilma, aliás, serve mesmo é para promover escândalos e
brigar vorazmente por cargos de primeiro e segundo escalão. A presidente pode
passar seu quatriênio às voltas com inflação alta, crescimento medíocre e
intermináveis explosões de corrupção em seu governo.
Tempo
para mudar substantivamente o quadro ela tem. Vontade política, parece que não
tem nenhuma.
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BORDER LINE
BRIZOLA
Lisboa – Ontem falamos aqui de
Adoniran Barbosa, Domingos da Guia, Evandro Lins e Silva, Jorge Amado, Luís
Gonzaga, Mazzaroppi e Nelson Rodrigues (infelizmente já falecidos) e de Oscar
Niemeyer, graças a Deus bem vivo e produtivo aos 104 anos de idade. Não dá para esquecer que, no
próximo dia 22, o grande brasileiro Leonel Brizola, por quem eu tinha enorme
afeto pessoal e com quem mantinha mil discordâncias políticas e econômicas,
estaria completando 90 anos, ele que nasceu em 1922. Impediu o golpe de Estado
de 1961, contra a posse do presidente constitucional João Goulart, levantando
primeiro o Rio Grande do Sul, que governava com paixão, e a seguir todos os
brasileiros democratas de todos os rincões, através das ondas corajosas da
Cadeia da Legalidade. Minhas saudades pessoais e minhas
homenagens públicas ao homem público digno, que errou e acertou muito, porém
jamais abandonou suas convicções.