CRISE DE AUTORIDADE
Lisboa
– A senadora Serys Shessarenko, do PT matogrossense, apresentou, em 2009,
Projeto de Lei determinando o uso obrigatório da flexão de gênero, para nomear profissão
ou grau, em caso de diplomas. Dilma Rousseff, então, teria de ser chamada compulsoriamente
de “presidenta”, ficando interditada a expressão “presidente”.
A
matéria está na Comissão de Constituição e Justiça da Casa, pronta para entrar em
seu primeiro teste de votação. Indago: seria constitucional a afronta à língua portuguesa,
que prevê, livremente, as duas formas? Indago ainda: deveria ser essa uma iniciativa
prioritária, se temos tantos problemas reais no Brasil, no campo da reforma política,
das políticas sociais, das questões econômicas?
Por
exemplo, que tal um Projeto que transforme a corrupção em crime hediondo? Ou a
deliberação, sem mais delongas, da idade para alguém começar a pagar por crimes
que venha a praticar? Digamos que a iniciativa da senadora vire norma legal e,
tem lei que “pega” e lei que “não pega”. Mas por absurdo que pareça, “pegue”.
Como deveria referir-me a Dilma Rousseff, eu que prefiro chamá-la de
presidente, seja por sonoridade, seja para ficar bem longe dos áulicos que fazem
a flexão para agradar o poder do momento? Obrigar-me-iam a adotar o
“presidenta”?
Está
bom, então. Tenho de começar a treinar: “presidenta”, porque a senhora “demite”
ministros corruptos e os substitui por gente do mesmo partido?
“Presidenta”,
porque a senhora ainda tolera a presença de Carlos Lupi no seu Ministério? Mesmo
sabendo das falcatruas, das mentiras, da perda de densidade política e moral do
seu governo? Mesmo sabendo das ONGs de fachada que abiscoitaram milhões e
milhões de reais dos cofres públicos, na pasta do Trabalho, na dos Esportes e
por aí afora?
“Presidenta”,
a senhora sabe que, dando sobrevida a Lupi está armando os partidos aliados,
quase todos eles maiores que o PDT, para a confrontarem na hipótese de algum ministro
“deles” ter de ser expurgado do Gabinete? Sabe que está abrindo mão do direito
de nomear e demitir que lhe foi conferido pelas urnas de 2010?
“Presidenta”,
daqui em diante, nem pense em demitir alguém do PMDB, do PP, do próprio PT. Não
dá mais para levar avante desejo assim.
Finalmente,
“presidenta”, que tal investigar a fundo as denúncias que já derrubaram tantos ministros
seus? A sociedade pretende que o dinheiro surrupiado seja devolvido aos cofres públicos.
É pedir demais?
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AÇÃO
JUSTA
Lisboa
– A Polícia Federal, muito certamente autorizada pela Justiça a pedido do
Ministério Público, empreendeu devassa em documentos da Prefeitura de Benjamin
Constant, a partir de denúncia de fraude em licitações para a compra de merenda
escolar. Os desdobramentos desse fato deverão vir à luz nos próximos dias. A
corrupção está cada dia mais ousada neste País. Agora nem as criancinhas
escapam. Qualquer desvio de
dinheiro público atinge a sociedade como um todo e é condenável. Quando se
trata de expropriar crianças, a coisa fica ainda mais nojenta, porque mexe com
vidinhas preciosas e embrutece o futuro brasileiro.