quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

COLUNA DO ARTHUR NETO


MANTEGA, O TORCEDOR
Lisboa – O ministro da Fazenda prefere falar como leigo do que como técnico. Parece torcedor fanático, em pleno estádio de futebol.

No início de 2011, “previu” crescimento de 5% e inflação no centro da meta. Resultado: o PIB avançou algo abaixo de 2,9% e a inflação, apesar de maquiada, ultrapassou o teto da meta, atingindo, provavelmente, 6,55%. Resultado: a diretoria do Banco Central terá de escrever carta à Nação, justificando-se pelo não cumprimento da meta por ela própria estabelecida.

Abro parênteses para falar da maquiagem da inflação do ano passado: o governo fez o corte na CIDE e adiou a entrada em vigor do imposto sobre o cigarro. Jogou o contencioso para o presente exercício. Com tudo isso, não conseguiu conter o índice nos elevadíssimos 6,5% estipulados para ser o teto de um centro também muito alto (4,5%). E aproveito para lembrar que a inflação de 2012 já está sendo maquiada também: o IBGE cortou do cálculo inflacionário o cigarro, sob a alegação de que as pessoas estariam fumando menos (nem vou discutir esse ponto) e os gastos com educação e com empregados domésticos.

Impressionante como jogam até contra a credibilidade do IBGE. Não vou questionar a retirada do cigarro. Mas pondero que é absurdo supor que os gastos com educação tenham passado a pesar menos no orçamento das famílias. Assim como é risível, agora que o salário mínimo teve aumento acima de 14%, aceitar que as despesas com empregados domésticos tenham caído.

Fecho parênteses lembrando que Mantega, de novo, está prevendo crescimento de 5% para este ano. Será desmentido outra vez: se atingir 3%, que nos consideremos todos felizes. E a inflação, mesmo expurgada dos itens que acabei de referir, ficará muito acima do centro da meta. Nos dois anos, teremos crescimento médio beirando 3% e inflação média à volta de 6%.

O nosso “torcedor” é infatigável. A última foi a comemoração por termos ultrapassado a Inglaterra em PIB. Tudo seria obra da “genialidade” dele próprio e do esquema de poder aí posto.

Não fez nenhuma referência aos oito anos reformistas de Fernando Henrique, que preparou o País para novos saltos, nem à bonança internacional extraordinária que bafejou quase todo o período Lula. Que, alias, não aproveitou para concluir o ciclo de reformas estruturais, preferindo a popularidade fácil de animador de auditório a conquistar lugar de estadista na História.

Além desses dos dois fatores acima, o PIB brasileiro se avantajou porque o real se valorizou diante do dólar. Bem diferente da China, que mantém sua moeda artificialmente desvalorizada e, mesmo assim, chegou mais perto dos Estados Unidos.

Em PIB, somos a sexta maior economia do mundo. Em PIB per capita, todavia, ficamos num medíocre 47º lugar, com apenas US$9.390. Cinco vezes menos que a Bélgica, cinco vezes e meia menos que a Holanda, quase oito vezes menos que Suíça e Luxemburgo, quase nove vezes e meia menos que a Noruega. Ia esquecendo: a Inglaterra apresenta PIB per capita 3 vezes superior ao nosso. E se Portugal estagnar por duas décadas, nesse período de tempo será alcançado por nós.

Em índice de desenvolvimento humano (IDH), ficamos na 84ª posição. Em miúdos: enquanto Mantega fala sem responsabilidade, tem brasileiro morando embaixo de ponte ou morrendo de fome e de doenças típicas do subdesenvolvimento.       

Tento, mas não consigo imaginar Pedro Malan e Armínio Fraga dizendo as coisas que o atual ministro da Fazenda diz.

Mantega, o torcedor. Que bom se fosse só isso. Grave mesmo é ele distorcer dados, visando a iludir a sociedade.

Isso não é próprio da posição que ocupa. Não é próprio de um verdadeiro homem público.

MINISTRO DA FAZENDA, GUIDO MANTEGA, NÃO ACERTOU NENHUM DE SUAS PREVISÕES PARA 2011.


segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

SOCIEDADE TEM SE POSICIONADO A FAVOR DE POLÍTICAS DE TRANSFERÊNCIA DE RENDA. SERÁ QUE ESTE PADRÃO DE ESCOLHA DE NOSSA SOCIEDADE MUDARÁ? NO FUTURO - MAIS PARA 2018 DO QUE 2014 - A SOCIEDADE SERÁ MAIS PRÓ-CRESCIMENTO.


BRASILEIRO PREFERE IGUALDADE 

SOCIAL A CRESCIMENTO VIGOROSO

Por Samuel Pessoa

A economia teve expansão de 7,5% em 2010, após recuar 0,3% no ano anterior. Na média, cresceu por volta de 3,5% em dois anos. No biênio 2011-2012, provavelmente também crescerá nessa faixa.
Assim, os fatos indicam que o potencial de crescimento da economia hoje é 3,5%.
Os 4,5% do segundo mandato do governo Lula corresponderam a uma janela de oportunidade, favorecida pelo cenário externo, que não se repetirá se não pensarmos em medidas que aumentem esse potencial.
Questão: é bom ou ruim crescer 3,5%? Os economistas não têm instrumentos para responder essa pergunta.
A elevação da taxa de crescimento requer cortar alguns gastos (como, por exemplo rever a política de valorização do salário mínimo que tem forte impacto sobre as despesas previdenciárias) de forma a elevar a poupança e o investimento. Requer também melhorar a governança e a eficiência dos serviços públicos.
Essas mudanças acarretam custos no presente para grupos da sociedade. Os benefícios, em geral, são auferidos por todos na forma de maiores taxas de crescimento da economia no futuro.
A sociedade nas últimas décadas tem se posicionado a favor de políticas que visem a igualdade -o que explica o enorme crescimento da carga tributária e das transferências públicas de renda. O crescimento, portanto, tem sido variável residual.
PRÓ-TRANSFERÊNCIA
A sociedade não tem sido pró-crescimento, mas sim pró-transferência. O Congresso Nacional assim tem decidido em função das preferências médias da sociedade.
Portanto, dada a avaliação de que nossa democracia funciona bem- isto é, os deputados e senadores decidem em função das preferências de seus eleitores-, parece que o crescimento potencial de 3,5% é bom.
É bom porque a sociedade assim deseja, e não há nada na teoria econômica que possa julgar essa escolha como sendo ruim.
Será que este padrão de escolha de nossa sociedade mudará? No futuro -mais para 2018 do que 2014-, a sociedade será mais pró-crescimento.
Se essa avaliação estiver correta, neste momento, aparecerão políticos defendendo plataforma que imponha maiores custos no presente para auferirmos maiores taxas de crescimento no futuro e, portanto, maiores níveis de renda para a população.
A classe C será o motor desta alteração na economia política. Após melhorar de renda e conseguir equipar uma casa e adquirir o carro, ela passará a cobrar melhora na infraestrutura urbana e nos serviços públicos de educação e saúde.
Também pedirá, provavelmente, a redução da carga tributária e a aceleração do crescimento para que o mercado de trabalho melhore para seus filhos.
A partir deste momento os políticos tomarão as medidas necessárias para que a taxa de crescimento se acelere.

Folha de São Paulo, 01.01.2012 / Primeiro Caderno / Análise e Perspectivas / SAMUEL PESSOA


A CORRUPÇÃO EM 2011 FOI MAIOR QUE EM 2010, QUE POR SUA VEZ, FOI MAIOR DO QUE EM 2009.


A JUSTIÇA MELHORA A PASSOS LARGOS!!!!!!