TRABALHO INÓCUO
Lisboa – O governo vem adotando
medidas, para enfrentar a valorização do real diante do dólar, de maneira
atabalhoada e inconsequente. São medidas artificiais, que poderão custar
significativo preço econômico ao país.
Em primeiro lugar, registre-se
que em momentos de relativa calmaria, os capitais procuram mercados
supostamente seguros, que lhes proporcionem forte remuneração. O Brasil, sua
democracia, sua estabilidade econômica e política – e com seus juros elevados –
é um desses portos. Quando sinais de recrudescimento da crise surgem no
horizonte, esses mesmos capitais vão em busca das bolsas norte-americanas que,
com todos os pesares, são as mais garantidas dentre todas as suas congêneres.
Em segundo lugar, remarque-se
que, neste momento, tanto EUA quanto Japão, Zona Euro e Inglaterra estão
inundando o mundo com liquidez impressionante. É a forma que encontraram de
enfrentar suas próprias crises. E aí, como bem diz a Presidente Dilma Rousseff,
um tsunami de dólares desaba sobre o Brasil, valorizando-nos a moeda.
Rebaixar a taxa Selic mais do que
já a rebaixou, penso que o governo não pode fazer indefinida e impunemente. Há
uma taxa de juros de equilíbrio que, se ultrapassada, aciona os mecanismos de
alavancagem da inflação. Que, diga-se de passagem, já está elevada demais para
os padrões internacionais, sempre muito acima da meta estipulada pelo Banco
Central, contra crescimento pífio de 2,7% em 2011 e perspectiva real (não os
delírios de Guido Mantega) de menos de 3% para 2012.
A inflação, que ameaça sair dos
eixos em 2013, já acumula 1,01% nos dois primeiros meses deste exercício. A
produção industrial recua perigosamente, iniciando um processo de
desindustrialização; o dólar baixo facilita a entrada dos importados e, com
isso, diminui perigosamente o saldo positivo da balança comercial. E passamos a
exportadores de empresas e empregos para outros centros, leia-se China.
O governo, que submeteu o Banco
Central às ordens do Ministério da Fazenda, em retrocesso mais do que
lamentável, deixa claro que não faz esforço para atingir o centro da meta
inflacionária (elevados 4,5%); parece focar em 5,5%, que seria a meta informal
e verdadeira a ser perseguida. O déficit em conta corrente beirará os US70 bilhões
em 2012.
Se o PIB crescer 2,5% neste ano e
se o somarmos aos 2,7% de 2012, teremos, como média do biênio, irrisórios
2,6%. E se somarmos a inflação, maquiada, de 2011 (6,5%) com possíveis
5,7% em 2012, teremos a rude media de 6,1%. Resultado: prejuízos para os
brasileiros como um todo, sobretudo para os mais pobres.
O crédito diminui. A
inadimplência aumenta. A inflação alta contribui, em muito, para o aumento da
inadimplência. Aliás, inflação acima de 5% por período prolongado gera
insatisfação social.
Daí as greves que vão pipocando
aqui e ali. Ou já nos esquecemos do ruidoso episódio da PM baiana, quando o
governador Jacques Wagner cortejava os ditadores cubanos e seu estado virava
trágico faroeste?
Melhor advertir duramente do que
bajular torpemente.
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