O POUSO DA CHINA
Lisboa – A China, que vinha
crescendo 9%, 10% e até mais, anualmente, prepara-se para faze seu soft landa,
seu pouso suave, adaptando-se, por uns tempos, a taxas em torno de 7,5%. À
primeira vista parece que essa taxa se revelaria incapaz de sustentar 1,3
bilhão de seres humanos. Mas o projeto chinês é sofisticado: enfrentar a
inflação renitente que já não dá para disfarçar com maquiagens típicas de
regimes autoritários; investir na qualidade de vida dos mais pobres, ordenar o
processo de urbanização inevitável e fazer do seu desenvolvimento algo mais
casado com o respeito ao meio ambiente.
O Brasil perderá em crescimento
econômico com a programada redução do crescimento chinês. Hoje, exportamos
nossas commodities, nossos produtos de base para lá e recebemos de volta
artigos manufaturados, muitas vezes em concorrência com a indústria nacional.
Viramos – e é lamentável constatar – uma espécie de "neocolônia" da
China, que investe em inovação de um jeito que não temos sido capazes de fazer.
Do jeito que vai, a tendência é esse quadro se agravar e nos tornarmos mais e
mais dependentes do colosso asiático.
Mas o projeto chinês se resume em
crescer menos com mais qualidade. Pretende, até 2020, deixar para trás a fama
de país exportador de produtos de baixa qualidade e reduzido esmero
tecnológico, para ser a pátria da altíssima tecnologia. Chegam a dizer: "a
fase do made in China está virando passado. Vem agora o período áureo
do desinbed
in China".
Para o Brasil, haverá prejuízos:
concorrência mais forte com nossa indústria e menos apetite por nossas
commodities. Para a China é um passo calculado que trará no bojo a boa novidade
da preocupação ecológica, nunca antes demonstrada tão claramente por uma
economia que se marcou, por décadas, tanto por ser avassaladoramente dinâmica
quanto por se mostrar altamente poluidora.
Nenhum comentário:
Postar um comentário