ITÁLIA
Lisboa
– A Itália é a terceira potência econômica da zona do euro e, portanto, sua
crise, do ponto de vista da estabilidade regional, é muito mais grave que a da
Grécia, por exemplo. Se ela não for resgatada, a União Europeia estará
praticamente desfeita, levando de roldão toda a arquitetura político-econômica
penosa e pacientemente montada por Helmut Kholl e pelos demais estadistas do
seu tempo.
Nesse
país, os títulos de 10 anos já correspondem a pesados juros de 7%. O desajuste
fiscal é gritante. O baixo crescimento ameaça as soluções visualizadas. O
desemprego é elevado. A crise política que culminou com a renúncia de Sílvio
Berlusconi da chefia do governo foi fator desestabilizador o tempo todo.
Berlusconi
protagonizou uma das páginas mais vergonhosas da política de seu país. Seu
comportamento cafajeste tirou-o das páginas sóbrias para os espaços policiais e
de intrigas da imprensa mundial.
Figura
felliniana, promovia bacanais até com jovens menores de idade, dando, ele
próprio, o nome de "bunga-bunga" a tais eventos. Sem compostura,
referiu-se grosseiramente à chanceler alemã Ângela Merkell como "aquela
gorda incomível", apesar de, dias depois, ter de passar pelo
constrangimento de se reunir com ela e demais chefes de governo da zona do,
euro, ouvindo mais do que falando e tendo sobretudo de ver e ouvir a
incontestável liderança europeia de Merkell.
A
solução até poderia sair jogando-se na água Grécia e Portugal, que, juntos,
somam menos que 6% do PIB da zona do euro. Mas não pode sair sem o resgate de
Itália e Espanha que, no conjunto, atingem quase 30% desse mesmo PIB. Logo,
como do ponto de vista político, qualquer país que abandone o euro poderá
representar o símbolo da quebra de unidade. O bom senso manda que Banco Central
Europeu, Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia, a chamada troica,
raciocinem economicamente, salvando Itália e Espanha, também politicamente,
fazendo o mesmo com a Grécia e com Portugal.
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