TEM GENTE!
Lisboa – Tem gente que não compreende que a exploração
predatória da floresta amazônica interfere no regime das chuvas. Tem gente que
prefere ignorar que a floresta amazônica gera verdadeiros rios voadores,
levando água para o resto do país. A água que alguém está bebendo, neste
momento, em São Paulo, vem dos “rios voadores” que a grande mata manda para lá,
pelo mecanismo mágico de uma natureza perfeita.
Tem gente, igualmente, que não assimila a relevância da
ecologia urbana e termina achando natural a habitação infranormal que abriga
humilhantemente o brasileiro mais pobre. Tem gente que olha para a miséria ao
seu lado e, comodamente, atribui a desigualdade ao destino, a um destino sobre
o qual não caberia agir.
Tem gente que nega o cuidado com a ecologia humana e,
avaramente, cuida apenas do que julga ser a sua felicidade (!!!) pessoal. Tem
gente que imagina poder ser feliz cercado pelo drama de milhões de deserdados.
Tem gente que diz pretender explorar esse ou aquele recurso
natural (já escrevi sobre isso aqui no Diversidade) de modo racional. Nem
sempre, porém, fica claro se essa racionalidade é boa para os demais seres
humanos, para a natureza, para o futuro. Pode ser uma racionalidade excelente
para arrancar lucros polpudos em curto espaço de tempo, ainda que a peso de
danos irreversíveis para o meio ambiente.
Tem gente que não se preocupa com esses assuntos, entendendo
que o “progresso” passa por sacrificar florestas, que se regenerariam por si
sós. Tem gente que parece não saber o que aconteceu com a Mata Atlântica e, ao
dialogar, argumenta que a Floresta Negra foi dizimada em nome da prosperidade.
Tem gente que gosta de responder a um erro com outro maior
ainda. Tem gente que não se dá conta da importância da floresta amazônica para
o clima mundial. Essa mesma floresta que, se explorada com base na boa ciência
e na experiência empírica dos nossos caboclos e índios, renderá muito bem estar
econômico e social para os brasileiros.
Tem gente que não acredita que se formos irresponsáveis na
administração da Amazônia, poderemos perder o controle nacional sobre ela. Que
pode virar um protetorado supostamente sob o comando da ONU.
Tem gente que acha que sentimento ecológico é coisa de
desocupados e preguiçosos. Tem gente que não percebe a não ser o (seu) dia de
amanhã.
Tem gente…
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