ATENÇÃO
Lisboa
– O Banco Central, na gestão Tombini, virou mero apêndice do Ministério da
Fazenda, abrindo mão da autonomia – não me referi a independência – conquistada
em 16 anos de Fernando Henrique e Lula. Foi aparelhado. Dois dos seus diretores
já foram filiados ao PT. Esse retrocesso será cobrado aos brasileiros mais hora
menos hora.
O
mercado, faz algum tempo, dá como certo que o ministro Guido Mantega deixará o
governo. Abre-se a interrogação: os rumos mudarão? Ou persistirá a
interferência da Fazenda sobre um órgão que deve ser posto acima de injunções
políticas?
O
crescimento econômico de 2011 foi pífio, estimado em 2,87%, contra inflação
que, só porque foi maquiada, ficou no teto da meta (6,5%). Para 2012, deveremos
crescer, se a Europa não aprofundar sua crise e se o caso iraniano não adquirir
contornos mais graves, algo em torno de 3%, contra inflação à volta de 5,5%.
Neste
mesmo 2012, a média do mundo e dos países em desenvolvimento será,
respectivamente, de 3,3% e 5,4%. Ou seja, cresceremos menos que nossos vizinhos
e nossos concorrentes, com a agravante de mantermos a inflação pressionada e
estarmos vendo a farsa do crédito artificial endividando as famílias e se
exaurindo enquanto “modelo”.
Nosso
déficit em transações correntes foi o maior de todos os tempos: US$52.612
bilhões, coberto pelo ingresso de capital estrangeiro, que vem atrás dos juros
elevados e que causaria uma tragédia, se do Brasil se afastasse repentinamente,
por razões de ordem econômica internacional. Para o corrente exercício, o
déficit está estimado em algo próximo de US$66 bilhões.
O
real já se valorizou 6,7% ao ano, neste início de governo Dilma Rousseff,
cotado em torno de R$1,75. Entre as 18 principais moedas do mundo, é a que mais
se valorizou.
Em
miúdos: o governo deixa o real se valorizar para conter a inflação que a
gastança eleitoreira despertou. Com isso, prejudica empresas nacionais que
concorrem com produtos importados. Isso é péssimo, por exemplo, para o Polo
Industrial da Zona Franca de Manaus, que importa insumos, partes e peças do
estrangeiro.
Atenção
à crise do euro, que, na verdade, abrange toda a Europa e se reflete no mundo.
O governo não deve valer-se dos mesmos remédios que usou em 2008. São situações
diferentes.
Atenção
à crise provocada pelo Irã, com seu programa nuclear visivelmente belicista,
destinado a construir artefatos nucleares. Eventual agravamento do conflito
levaria a uma explosão dos preços do petróleo, a mais inflação (no mundo e no
Brasil) e a crescimento menor, no mundo e no Brasil igualmente.
Não
é hora de o governo dormitar em berço esplêndido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário