Folha de São Paulo - 01/11/2011-09h28
GILBERTO DIMENSTEIN (1)
As bobagens raivosas contra Lula, pedindo que ele se trate no SUS,
conseguem até provocar um debate sério: involuntariamente ajudou a trazer
atenção a quem trata um tumor na rede pública. E aí vemos o verdadeiro câncer
que é a saúde pública no Brasil.
Vejam essas informações que acabam de sair do TCU, segundo reportagem da Folha. No ano passado,
cerca de 60 mil pacientes não puderam se submeter aos serviços de radioterapia.
Se já não bastasse, 80 mil não conseguiram ser operados para extração de um
tumor.
Os dados são tão terríveis, que coloco as aspas no material da Folha:
"Além de não conseguir atender a todos --na radioterapia o índice
de não atendidos é de 34% e em cirurgia, de 53%-- os pacientes começam o
tratamento muito depois do tempo devido.
No caso dos procedimentos de quimioterapia, o tempo de espera médio foi
de 76,3 dias e apenas 35% dos pacientes foram atendidos com 30 dias (prazo
recomendado pelo Ministério da Saúde).
Na radioterapia, o resultado é ainda pior: 113,4 dias de espera e apenas
16% atendidos no primeiro mês."
Quem quiser discutir a sério saúde pública, melhor se ater nesse tipo de
informação divulgada pela Folha, e não entrar nesse deboche raivoso
contra Lula. A divisão de classe no Brasil pode ser vista de vários jeitos.
Um
deles é quem tem plano de saúde privado e não precisa ficar na fila.
FOLHA DE SÃO PAULO / Gilberto Dimenstein, 54,
integra o Conselho Editorial da Folha e vive nos Estados Unidos,
onde
foi convidado para desenvolver em Harvard projeto de comunicação para a
cidadania.
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