A governabilidade exige coalisão, alianças
partidárias. Questiono é a falta de legitimidade do esquema montado por Lula
para governar e eleger sua sucessora.
Surgiu
até a bizarra definição dos acordos: “porteira fechada”, isto significa
entregar as pastas aos partidos da chamada base aliada, dando-lhes o direito de
nomear do ministro ao menor dos cargos de confiança. Isso estimula a corrupção,
até pela facilidade de trânsito que confere a pessoas da mesma grei, umas
“confiando” plenamente nas outras.
Confundem
dinheiro e cargo públicos, respectivamente, com boi e fazenda. O partido
“agraciado” sente-se proprietário da capitania, quase hereditária, que lhe foi
concedida pelo (a) monarca.
O
correto seria a presidente pinçar nos partidos nomes de seu agrado. Nada de se
submeter aos caprichos e às injunções de máquinas partidárias não raro mal
intencionadas.
Em
10 meses de gestão, Dilma perdeu seis ministros, cinco dos quais acusados de
graves irregularidades. Dois (Aloizio Mercadante e Ideli Salvati) balançaram
sem cair e Mario Negromonte, das Cidades e Carlos Lupi, do Trabalho,
dificilmente resistirão ao menor arremedo de reforma do gabinete. Sem contar
Fernando Haddad, da Educação, que dá show de incompetência a cada Enem.
Nem
perderei tempo com Orlando Silva, porque ele já era, de fato, ex-ministro desde
a eclosão das pesadas denúncias. O esperneio de seu partido, o PC do B, visava
mais a conservar a pasta dos Esportes sob seu controle do que a manter a
posição de Orlando.
A
situação do governador Agnelo Queiroz, do Distrito Federal, é delicada. Tudo
começou em sua passagem ministerial.
As
evidências de que dinheiro público era usado para financiar campanhas
eleitorais, coloca sob suspeição as campanhas, não apenas dos comunistas, mas
também, direta ou indiretamente, de Lula (2006) e Dilma (2010).
O
modelo de “governabilidade” desenhado e imposto pelo ex-presidente apodreceu.
As instituições perderam densidade e respeito. A política se mediocrizou em
níveis insustentáveis.
Dilma
precisa repactuar com a Nação e domar os instintos do seu partido e das forças
que lhe dão suporte congressual. O atual rumo as coisas sugere crise e
instabilidade.
PRORROGAR É POUCO
Lisboa
– A prorrogação pura e simples da Zona Franca, embora relevante, necessária e
inadiável, é insuficiente para oferecer respostas convincentes aos desafios
postos diante desse exitoso modelo de desenvolvimento regional. Tem muita coisa
a ser feita, sem dúvida alguma.
Acabamos
de perder uma fábrica chinesa de motocicletas, porque, fazendo as contas, os
investidores concluíram que os incentivos fiscais oferecidos pelo Polo
Industrial de Manaus não superam as vantagens estaduais de Pernambuco e mais a
proximidade da malha rodoviária e, vá lá!, ferroviária nacional; dos portos e
aeroportos mais relevantes e do mercado consumidor do Centro-Sul. Suponho que
empresas instaladas no PIM também devem estar de calculadora na mão, com um pé
no Distrito Industrial e outro em qualquer estado que lhes ofereça condições
mais vantajosas de produção (onde não tenha apagões de energia, por exemplo).
A
fragilidade da infraestrutura amazonense, portanto, já ameaça o nosso
expressivo polo de duas rodas.
TABLETS NÃO É NOSSO
Lisboa – Prorrogar
a Zona Franca com uma das mãos e, com a outra, contra ela atentar, não levará o
Amazonas a bom caminho. A MP 534, relatada, no Senado, pelo senador Eduardo
Braga, simplesmente consagra a produção de tablets bem longe de Manaus. O
governo federal jamais cogitou de ver esse produto chamativo, dinâmico,
rentável, evoluído tecnologicamente, produzido no Polo Industrial de Manaus.
Se
a presidente da República tivesse querido dinamizar a ZFM, bastaria não ter
editado a MP 534, que garante competitividade a São Paulo e ao Centro-Sul.
Sabia, desde o início que essa MP nos condenava a ficar com tecnologias
envelhecidas e precárias, destinando as mais dinâmicas para outros estados.
Perdemos
os modens, vemos ameaças sobre o polo de motocicletas, o próprio polo de
televisores será posto em cheque mais hora menos hora. E o de celulares já está
sob ataque.
ATÉ OS CELULARES
Lisboa – Prorrogar
a Zona Franca é importante e inadiável. Mas esse gesto indispensável perde
força quando nos tiram os modens, os tablets e quando nos deixam sob
infraestrutura apodrecida que já nos faz perder fábrica de motocicletas para
Suape, em Recife.
Como
se fosse pouco, bem recentemente, os Ministérios da Ciência e Tecnologia e do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio expediram portarias que tiram do Amazonas
os carregadores de celulares. Abrem para a importação de partes e também para a
fabricação em qualquer parte do território nacional. Leia-se: Centro-Sul, São
Paulo à frente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário