13 de Outubro de 2011 às 07:58
Se Dilma enveredar por esse caminho tortuoso, opaco, seu governo se esvairá na covardia e na mediocridade.
Quem não se
lembra dos “anões do Orçamento”, quadrilha de parlamentares que se organizou
para manipular e assaltar a peça orçamentária nacional? Alguns foram cassados,
outros renunciaram para evitar a punição, certos deles enfrentaram a CPI e dela
saíram ilesos, seja porque provaram suas inocências, às vezes até coagindo colegas investigadores de “rabo preso”.
De lá para cá, pouco se fez para impedir
novos delitos. A Comissão Mista de Orçamento permanece uma balbúrdia, os
interesses menores prevalecem sobre as necessidades estratégicas da Nação,
lobistas de empreiteiras agem à solta, apoiados em parceiros com assento no
Congresso.
Após o episódio dos “anões”, diversos
outros problemas surgiram, sem alcançar a mesma repercussão. É corriqueiro, no
dia marcado para se votar a Lei do Orçamento, certas figuras aparecerem na
usualmente esvaziada sessão bicameral ameaçando o governo: “ou nos concedem
isso e aquilo ou pediremos verificação de quórum e vocês verão que não se
votará nada no dia de hoje”.
As exigências são sempre de cunho
clientelista ou de ética duvidosa. Jamais a defesa dos interesses dos estados
que representam. Nunca o perfilamento a um ponto de vista elogiável.
Leio agora que a “base” de apoio a Dilma
Rousseff ameaça não aprovar a necessária Desvinculação de Receitas da União
(DRU), a menos que ela se renda à pressão fisiológica, à fome por cargos de
segundo e terceiro escalões e ao pagamento de “x” milhões de reais de emendas
parlamentares a cada “patriota” “revoltado” e ansioso por mais “carinho”
oficial.
Se Dilma enveredar por esse caminho
tortuoso, opaco, seu governo se esvairá na covardia e na mediocridade. Se se
decidir a enfrentar a chantagem, merecerá contar com apoio episódico das
oposições, se estas estiverem falando a sério para o País.
Quanto ao Orçamento, digo sem medo de
errar: está para acontecer outro escândalo ao estilo dos “anões”. É só prestar
atenção na sua confecção anual para concluir que as coisas vão de mal a pior.
Essa lei, que deveria ser o momento mais nobre da atividade congressual, vem
sendo tratada como instrumento de barganha, a peso de interesses
inconfessáveis.
Acordemos, antes que o Brasil apodreça
de vez.
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