PREOCUPANTE
Lisboa
– A última edição de Veja de 2011 traz alentada matéria sobre a percepção do
mundo sobre o Brasil, a partir de pesquisa CNT/SENSUS. No capítulo sobre a
Amazônia, surgem dados preocupantes: para 41% dos americanos, o Brasil deve
preservar a floresta amazônica de acordo com regras internacionais; 3%
consideram que a floresta deve ser internacionalizada. Para 47% dos franceses,
as regras devem ser internacionais, com 30% defendendo a internacionalização. Números
deveras preocupantes.
64%
dos alemães entendem que as regras para a preservação da floresta devem ser
internacionais e 10% opinam pela internacionalização. 23% dos russos pensam que
as regras de administração da floresta devem ser internacionais e 16% são pela
internacionalização. 71% dos japoneses julgam adequado submeter a floresta a
regras internacionais e 16% pregam a internacionalização. 29% dos sul-africanos
são pelas regras internacionais e 5% pela internacionalização.
Na
média desses seis países, quase 46% dos entrevistados consideram que o Brasil
não é capaz de estabelecer regras competentes e responsáveis para a gestão da
floresta e quase 12% são favoráveis à pura e simples internacionalização.
Aliás, fico sem saber qual seria mesmo a diferença entre "administrar a
floresta amazônica de acordo com regras internacionais" e
"internacionalizá-la".
A
primeira hipótese sugere uma sutileza, que não resistiria a uma simples
pergunta: se as regras passassem a ser internacionais, a fiscalização do
cumprimento das mesmas também o seria? E como fazer essa fiscalização, em caso
de suposto descumprimento? Manu militari? Ora, sem presença militar estrangeira
na área, o Brasil poderia desrespeitar as tais regras sem pagar preço algum. Se
sobreviesse a figura da presença militar, a área estaria ou não, de fato,
internacionalizada?
Se
considerarmos que as duas hipóteses, no fundo, significam a mesma coisa, temos
que, nos seis países aqui citados, 57,5%% dos entrevistados são, de uma forma
ou de outra, favoráveis à internacionalização da Amazônia. Se excluirmos do
cálculo a África do Sul, que detém peso geopolítico e militar pouco expressivo,
essa média subirá para 62%.
Raciocinando
com o fato de que a Amazônia brasileira significa 60% do total, porém há outros
países "amazônicos", perceberemos que há, sim, um sentimento mundial
contrário à soberania dessas nações sobre a enorme riqueza existente na
floresta. A ideia básica é que, em virtude da grave questão climática e da
fortuna que a biodiversidade da região encerra, não deveria caber aos países
aos quais, hoje, pertence a floresta.
Não
sei o que leva a opinião pública estrangeira a acreditar que uma administração
internacional agiria melhor do que nós, brasileiros, somos capazes de realizar.
Nós e os demais países "amazônicos".
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