MOMENTO GRAVE
Lisboa – Do
ponto de vista estritamente econômico, a situação aflitiva da Grécia passou a
plano secundário no rol das preocupações dos dirigentes e líderes da União
Européia. É que a Itália, muito maior e, portanto, com potencial de alargar
desmedidamente os limites da crise, entrou na ordem do dia.
Sílvio
Berlusconi caiu e, dentro da inegável margem de estabilidade institucional que
o parlamentarismo garante, o novo governo já está sendo organizado. No presidencialismo,
haveria um maremoto. No parlamentarismo, "la nave va".
Mas o cenário
italiano é preocupante. Reformas estruturais e ajuste fiscal rigoroso são os
remédios primeiros e básicos a serem aplicados.
A própria França
coloca suas barbas de molho e promove ajuste interno de fôlego. Está em jogo a
arquitetura política e econômica que, pelos cérebros e mãos de Helmut Kholl e
demais estadistas de sua época, resultou na União Européia.
Comecei dizendo
que, do ponto de vista estritamente econômico, a Grécia perdeu relevância. Se
saísse da zona do euro, em pouco abalaria os alicerces ali plantados. Mas
existe o fator político, que recomenda esforços no sentido de não soltar esse
pequeno país ao mar. Sua defecção significaria, em termos de símbolo, a
demonstração de que a unidade seria mais frágil que o ideal e que o necessário.
O símbolo, como
sabemos, embora impossível de ser medido em números, é pelo menos tão
expressivo quanto os valores calculáveis e tangíveis.
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