ECONOMIA VAI MAL
Lisboa – As dívidas em atraso entre 15 e 90 dias saltaram
de 5,5% em outubro de 2010, para 6,9% no mesmo mês deste ano. As que registram
atrasos acima de 90 dias subiram de 4,7% para 5,5% em um ano.
No terceiro trimestre de 2009, quando o governo
considerava a crise como “passado”, o dólar estava cotado entre R$1,85 e
R$1,90, mais ou menos o mesmo patamar de hoje. Naquele ano, os preços das
commodities recuaram, abrindo espaço para o Banco Central cortar os juros que,
de um teto de 13,75% desceram para 8,75% no mês de julho. Era a brecha também
para a expansão do crédito.
No início de 2009, o petróleo caiu para US$33 o barril.
Hoje, ele está em alta, custando em torno de US$100 o barril. Certamente
continuará pressionado, em função do quadro de instabilidade no Oriente Médio e
no Norte da África e da elevação da demanda pelos emergentes, a começar pelo
Brasil.
Além dos sucessivos escândalos de corrupção, a inflação é
a grande dor de cabeça do governo Dilma Rousseff, que maquia os índices de 2011
para tentar fazê-lo caber no teto (já por si elevadíssimo) da meta: promoveu o
corte na CIDE e adiou a entrada em vigor do imposto no setor de fumo,
empurrando problemas para 2012.
Na crise de 2008, a forte queda nos preços do petróleo e
das commodities fez a inflação cair de 6,41% em maio para 4,2% um ano depois.
Em 2011, a inflação atingiu o “pico” de seis anos no IPCA de setembro: 7,31%,
com leve desaceleração no ultimo trimestre, conforme era esperado pelo mercado.
No terceiro trimestre deste ano, tivemos um PIB de
crescimento zero. O quarto trimestre mostrará algo perto disso. Em miúdos,
crescimento menor que o de Alemanha e França, da Europa conturbada.
Como a gastança desenfreada, eleitoreira, de Lula
artificializou crescimento acima de 7% em 2010, o ano corrente nasceu crescendo
mais de 2% pelo efeito carry over,
algo como a transferência automática de um exercício para o outro. O resultado
final talvez não chegue a crescimento de 3%, contra inflação de, no mínimo,
6,5% (apesar da maquiagem). Em 2012, espera-se crescimento medíocre, em torno
também de 3%, contra inflação de quase 6%. Bem diferente do vizinho Peru, país
pequeno, que vem crescendo, há bons anos, a taxas elevadas, com inflação
reduzida. Em 2011, por exemplo, crescerá mais de 7%, contra inflação de apenas
2%.
A arrecadação federal brasileira vem aumentando constante
e absurdamente, levando a carga tributária para perto de 37% do PIB. Os gastos
públicos, igualmente, sobem sem nenhum pudor, em termos reais, isto é, sempre
bem acima do PIB, descontada a inflação. Temo pelo superávit primário de 2012.
Temo que mais maquiagem venha por aí.
E o governo mantém comportamento errático e até
esquizofrênico diante da crise mundial. Em certa hora, a presidente declara que
o momento é grave e que o Brasil será atingido. Na realidade, já foi atingido,
sim, e poderá sê-lo ainda mais, se medidas de ajuste fiscal não forem adotadas.
Mas em outras ocasiões, Dilma pede aos brasileiros para gastarem mais, na ideia
de que o consumo interno assegurará o crescimento do País. Repete o discurso de
Lula, em 2008, sem levar em conta que aquele ano nada tem a ver com 2012.
A propaganda oficial é forte. Mas a economia vai mal e as
pessoas começarão (se é que já não começaram) a perceber isso.
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