Faturamento de empresa aumentou
500% após mudanças. Sebrae usa empreendimento como exemplo para outras casas de farinha.
Um projeto está modernizando as fábricas de farinha
de mandioca no Rio Grande do Norte, e criando um novo jeito de produzir e de
vender o produto. As mudanças atraem uma nova clientela e aumentam o lucro. A
estratégia mais rentável é desenvolver uma marca própria e eliminar os
atravessadores.
Hoje, muitas empresas ainda negociam a farinha em
sacos de 50 quilos. O carroceiro leva o produto para feirantes ou para
indústrias maiores que fazem o fracionamento, dividem a farinha em embalagens
menores que vão ser vendidas nos supermercados. É um modelo de negócio
ultrapassado e pouco lucrativo. Para modernizar o setor, da produção até a venda, o
Sebrae fez um desafio aos 60 fabricantes da região: criar um arranjo produtivo
local da mandiocultura.
“O empresário, quando ele tem uma visão
empreendedora, ele vai fortalecer a sua marca, vai criar mercado, vai abrir as
portas para ele. Ele tendo essa visão de investir, de mudar, e sair daquela
cultura tradicional, ele vem a fortalecer e ter mais lucros em cima da sua
ousadia”, diz Fernando José Medeiros de Melo, do Sebrae de Natal (RN).
Ousadia foi o que não faltou ao empresário Jânio
dos Anjos, que tem uma fábrica em Vera Cruz, a 40 quilômetros de Natal. Ele
mudou uma tradição de 50 anos para se modernizar e passou a vender farinha em
sacos de um quilo com a própria marca. Em vez de ganhar apenas R$ 1 do
atravessador por unidade, agora vende o produto por R$ 1,80 diretamente para
mais de 70 mercados. “Nesse sistema, a gente ganha muito mais dinheiro”,
comemora Jânio.
Para chegar a esse resultado, o empresário
praticamente pôs abaixo a antiga fábrica herdada do avô. No prédio novo, o
forro é de PVC, as paredes têm azulejos e o piso tem ondulações nos cantos para
facilitar a limpeza.
“Esse trabalho está voltado todo para a produção
segura, para que o cliente tenha um produto de qualidade, que passe dentro dos
padrões de higiene e qualidade”, diz Melo, do Sebrae.
O passo seguinte da reformulação foi separar os
setores de produção. Na área de raspagem, as mulheres ganham R$ 0,75 por caixa
com 25 quilos de mandioca. Por dia, cada uma delas entrega até 40 caixas, o que
garante uma remuneração mensal entre R$ 500 e R$ 600.
Em seguida, o lavador tira as impurezas da
mandioca, depois a raiz é moída em trituradores elétricos. O material vai então
para a máquina de prensagem, onde perde um líquido chamado manipueira, que
depois é usado para adubar a própria plantação. Finalmente, a massa vai ao
forno também movido a eletricidade. O sistema moderno garante uma produção bem
maior.
“No tempo do meu avô, a gente trabalhava na média
de três mil quilos. Hoje a gente chega na média de 100, passamos até de 100 mil
quilos por mês”, diz o empresário.
A empresa fez outra grande mudança para aumentar o
lucro: a farinha de mandioca é misturada com temperos para gerar novos
produtos. Da fábrica saem farofas com sabor de alho e cebola, de bacon e também
de calabresa. A margem de lucro da farofa é de 50%, enquanto a da farinha
tradicional chega, no máximo, a 30%.
De olho no bom resultado que o produto diferenciado traz, o empresário já pensa
em aumentar a produção de farofa: “eu espero que 50% da nossa produção seja de
farinha temperada”, diz.
Com as ações do projeto, o faturamento da empresa
aumentou 500%. Agora, o Sebrae usa a fábrica de Jânio dos Anjos como exemplo
para outras casas de farinha.
“A meta é chegar em 2012 com 15 indústrias desse
porte aqui no estado do Rio Grande do Norte”, diz Fernando.
G1/ECONOMIA/PME - 09/10/2011 07h43
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