NO FORNO
Do Blog Brasil247
17 de May de 2012 às 17:15
A CPMI DO CACHOEIRA TEM TUDO PARA INVESTIGAR A FUNDO UMA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA DE ENORME CAPILARIDADE, MAS A MAIORIA QUE A COMPÕE INSISTE EM VIRAR AS COSTAS PARA A SOCIEDADE
A CPMI
destinada a investigar o tentacular esquema de corrupção montado a partir do
contraventor Carlos Cachoeira abriu o forno para preparar a "pizza".
Tem tudo para investigar a fundo uma organização criminosa de enorme
capilaridade, mas a maioria que a compõe insiste em virar as costas para a
sociedade.
Quebrou
parcialmente os sigilos da Delta Construções: apenas na região Centro-Oeste – e
não nacionalmente – dentro do roteiro traçado por Lula de usar a investigação
parlamentar para buscar atingir "inimigos" e poupar
"amigos", como o "Serginho", na verdade Sergio Cabral,
governador do Rio de Janeiro e bacante de Paris.
Deixou de
convocar os governadores Marconi Perillo (PSDB-GO), que já se declarou disposto
a depor, Agnelo Queiroz (PT-DF) e Sergio Cabral. Os dois últimos se pegam com
todos os santos para não irem à CPI.
Poupou o
notório Fernando Cavendish, que enriqueceu nos nove anos e meio de governo
petista no Brasil: sua Delta, que era pequena, nesse espaço de tempo tornou-se
a sexta maior empreiteira do país. Virou, afinal a preferida do PAC e do
governo fluminense, bilionária em ambas as instâncias.
As ligações de
Cavendish com Cachoeira são notórias. Como não investigá-lo? Como fingir que
ele não existe. Como subtrair as verdades que a nação precisa conhecer? Por
medo de que termine falando o que sabe e viu, ele que se declarou acostumado a
comprar políticos e favores por cinco ou vinte milhões de reais? Por temerem
que as mazelas do PAC venham à tona? Para homiziar o "Serginho"?
A ideia
central é assar mesmo a pizza, tentando mover guerra a adversários e, no
máximo, entregando a cabeça do já moribundo governador petista do Distrito
Federal. Pode ser que não consigam atingir o torpe intento, se os
acontecimentos se precipitarem e tornarem impossível a chicana.
Lembro-me dos
preparativos para a instalação da CPI dos Correios, que terminou desvendando os
meandros do maior escândalo da história republicana brasileira, o mensalão. O
governo indicou para presidi-la o senador Delcidio Amaral (PT-MS) e se negou a
entregar a relatoria à oposição.
Em função
disso, fomos para o embate no voto, disputando a presidência através da
candidatura do senador baiano Cesar Borges. Perdemos por margem apertada, o
vitorioso tomou posse e indicou para a relatoria o deputado Osmar Serraglio, do
PMDB paranaense.
Parecia o
"crime" perfeito: CPI sob a direção de dois membros da base de apoio
a Lula. Os estrategistas do governo não contavam com dois fatores relevantes: a
imprensa livre denunciava os delitos e estes não puderam ser menoscabados pela
Comissão. E tanto Delcidio quanto Serraglio não se prestaram ao papel de
mamulengos dos ventríloquos do Planalto. Com o depoimento arrasador de Duda
Mendonça, confessando que recebera milhões de dólares no exterior pelo trabalho
de marketing realizado na campanha presidencial petista, ficou impossível
empanar quaisquer outros fatos.
O governo
ainda instalou outra CPI, paralela à dos Correios e escolheu a dedo os
parlamentares que se dedicariam ao deboche de esconder a verdade. Durou pouco
tempo. Morreu sem glória.
Ainda tenho a
esperança de ver algo se impor ao roteiro mediocremente traçado: investigações
limitadas e seletivas, ataques sistemáticos ao procurador-geral da República,
Roberto Gurgel, justamente o homem que sustentará, no STF, as acusações aos
mensaleiros, e à imprensa livre. Em suma, colocar o procurador–geral e a
imprensa no banco dos "réus" e deixar flanando Cavendish e seus
parceiros da "república do rabo preso".
Creio que o
Brasil anseia por isso e se frustrará se os pizzaiolos levarem a melhor.
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