ARTHUR VIRGÍLIO DO CARMO RIBEIRO FILHO
Arthur Virgílio Filho nasceu em 12 de fevereiro de 1921, filho do Desembargador
Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro e de Luiza da Conceição do Carmo Ribeiro.
Formou-se em Direito na vetusta Faculdade de Direito do Amazonas, à Praça dos
Remédios e foi destacado líder estudantil contra a ditadura do Estado Novo
(1937/1945).
Culto, orador dos mais destacados que já passaram pelo Congresso Nacional, foi
também jornalista, trabalhando, durante muitos anos em A Gazeta, de Manaus, que
pertencia ao seu amigo Avelino Pereira e, depois, foi adquirida pelo próprio
Arthur Virgílio Filho. Foi fundador e principal estimulador do Aeroclube do
Amazonas, assim como presidiu a Cruz Vermelha Internacional, seção amazonense.
Arthur Filho foi Deputado Estadual por três intensas legislaturas, tendo sido
líder de oposição e de governo, além de Presidente da Assembleia Legislativa,
Secretário de Economia e Finanças e de Interior e Justiça. Foi Deputado Federal
entre 1959/1962, ocupando a primeira vice-liderança e a liderança do seu
partido, o PTB de João Goulart e Leonel Brizola. Eleito Senador para a
legislatura 1963/1971, acumulou a liderança trabalhista com a do governo do
Presidente Goulart.
Com o
golpe de Estado de março/abril de 1964, quando a maioria dos governistas de
então, aderiu ao poder que emergia, Arthur virou automaticamente o primeiro
líder, no Senado, da resistência à ditadura que se implantava. Dos 66 senadores
da época, apenas dois não votaram no Marechal Castelo, na eleição indireta que
lhe procurou legitimar o poder: o baiano Josafá Marinho, homem de honra
inquestionável, e o amazonense Arthur Virgílio Filho, caboclo de fibra e
coerência.
Quando o Presidente da Casa, o paulista Auro Soares de Moura Andrade, convocava
os líderes a orientarem suas bancadas para a votação, chegou a vez de Arthur
orientar sua bancada: "Como vota o PTB, ilustre líder Arthur
Virgílio?". Ouviu como resposta: "Sou um líder sem liderados. O
restante da bancada trabalhista, num "realismo" que não aceito,
votará em Castelo. Eu prefiro ficar com minha consciência de democrata, fiel à
Constituição Federal e ao Presidente constitucional João Belchior Marques
Goulart".
Tempos depois, o líder do novo governo, Senador Daniel Krieger, homem de bem e
grande amigo de Arthur, apresentou-lhe a seguinte proposta: "para de
falar, mergulha por uns tempos, depois o Presidente Castelo te convida para
estares ao seu lado e as possibilidades de ele te nomear Ministro da Justiça
são grandes". Krieger ouviu um carinhoso e respeitoso não. Arthur lhe
disse: "com que cara vou descer em Manaus? Com que cara vou encarar minha
mulher e meus filhos?"
Continuou na sua tribuna, cada vez mais atrevido, até que o Ato Institucional
número 5, o instrumento mais odioso de todos que a ditadura perpetrou, lhe
cassou o mandato e suspendeu os direitos políticos por 10 anos. Arthur tinha
apenas 48 anos de idade e muito ainda a dar ao seu estado e ao Brasil. Depois
disso, mesmo após a anistia, não mais quis disputar eleições, embora nunca
tenha deixado de participar da vida pública.
Entre
1985 e março de 1987, quando morreu, presidiu o Instituto Nacional da
Previdência Social (antigo INPS), com sede no Rio de Janeiro, combatendo
duramente as fraudes e os desperdícios e apresentando, ao fim de cada
exercício, balanços sempre superavitários.
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