Z F M É O FOCO
Lisboa – Este ano precisa ser o tempo da repactuação
do modelo Zona Franca de Manaus, envolvendo governos, parlamentares,
empresários, trabalhadores, comunidade científica. Não nos iludamos com
prorrogações “solteiras”, porque a curva do Polo Industrial é descendente e, se
nada fizermos, será tarde demais quando isso se tornar perceptível a olho nu.
Conclamo as lideranças amazonenses, políticas ou não,
à mais absoluta sinceridade. O panglossianismo não cabe. Nada de ver com olhos
de falso otimismo um quadro que é de crise em aproximação.
Perdemos muito em 2011. Os tablets são o exemplo mais
eloquente de como a ZFM deixou de ser prioridade para o governo federal. Passou
a ser, aliás, cogitação abaixo de secundária.
Uma liderança se iludir é grave, mas pelo menos não é
doloso; é culposo. Uma liderança intuir o que está em vias de acontecer e
aparentar normalidade, com declarações vazias, não é culposo; é doloso.
Não me comovem os números desse presente-passado.
Preocupa-me o presente-futuro, que não é auspicioso nem um pouco.
Deixam-nos com a perspectiva das tecnologias que
caducarão. Legam-nos o que está envelhecendo ou envelhecerá, inexoravelmente.
Tiram-nos as inovações, roubam-nos o que dá futuro, furtam-nos o próprio futuro.
Seria cômico, se não fosse trágico, dizerem que certas
empresas não se dirigem a Manaus, entre outros pontos, porque nossa
infraestrutura está falida. Como então não devolver com a pergunta: por que não
priorizaram a revitalização dessa mesma infraestrutura? Pretendem mais meio
século de poder para realizar tal “proeza”?
A verdade é que a ZFM deixou mesmo de ser prioridade.
A Suframa virou mero prédio que mal tem recursos para pagar água, luz e
telefone. Deixou de investir em obras infraestruturantes na Amazônia Ocidental,
mais Amapá, há 10 anos. Com isso, afastam-nos de aliados potenciais, tentam
condenar-nos a certa solidão política. Que interesse, afinal, haveriam de ter
Acre, Rondônia, Roraima e Amapá em defender um modelo que parou de investir em
seus destinos.
Vejo um brutal círculo vicioso diante de nós. Como se
fosse um cerco e alguns desavisados ainda espairecessem porque dentro da “Fortaleza”
restassem alimentos, água e munição para alguns dias de resistência.
Prefiro advertir do que iludir ou mentir. Gostaria
muito de estar errado, porém, a cada momento, convenço-me do contrário. Vejo
mentes alienadas revivendo os “coronéis” da borracha. “Coronéis” eletrônicos, que
se mostram incapazes de olhar com clareza os momentos difíceis que o horizonte
aponta.
Peço com muita humildade: não deixemos passar em
branco este 2012. Ele pode ser decisivo para o futuro do nosso estado, que não
preparou nenhuma alternativa ao parque industrial nascido a partir do Decreto
288.
O foco da responsabilidade tem de ser a salvação da Zona
Franca. É a tarefa mais nobre que temos pela frente.
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