RUTH CARDOSO
Lisboa
– Li o livro de Ignácio de Loyola Brandão: "Ruth Cardoso - Fragmentos de
Uma Vida". Vale a pena.
Descreve
a história de uma mulher culta, detentora de todos os lauréis acadêmicos, porém
simples, reservada, modesta. Digna o tempo todo.
Quando
seu marido governou este país, ela montou, em parceria com ONGs que em nada
lembram as falcatrueiras das recentes manchetes dos órgãos de comunicação, o
Comunidade Solidária. Para isso, extinguiu a assistencialista LBA e iniciou
programas que culminaram na Rede de Proteção Social que marcou o período
Fernando Henrique.
Nascia
aí o embrião de programas como o Bolsa-Escola, o Vale-Alimentação, o Vale-gás,
o Projeto Sentinela e tantos outros adotados por Fernando Henrique e depois
englobados por Lula no Bolsa Família.
Sua
vida valeu a pena de ser vivida. Serviu muito bem ao seu país, ao seu povo,
principalmente como a antropóloga realista que foi.
Tudo
nela chegava ao concreto. Tudo tinha começo, meio e fim. Fazia as coisas
acontecerem.
UMA GRANDE
MULHER
Lisboa
– Em breve, lerei "Ruth Cardoso - Obra Reunida", livro organizado por
Tereza Pires do Rio Caldeira, ex-aluna da notável antropóloga, hoje lecionando
em Berkeley, nos EUA. O Estado de São Paulo, em sua edição de 12 de novembro
último, veiculou bela matéria intitulada "A Moderna Antropologia de uma
Discreta Feminista", recomendando a leitura do trabalho concatenado por
Tereza Caldeira.
Difícil
ver quem, teorize bem e, ao mesmo tempo, meta a mão na massa e transforme a
teoria em realidade tangível. Pois Ruth era assim.
Ouvia
com paciência. Falava com precisão. E, tirado um consenso com seus discípulos e
colegas, queria partir logo para a pesquisa de campo. Queria transformar a
realidade numa coisa melhor. Queria fazer a parte que lhe coubesse com
aplicação perfeccionista.
Um
grande ser humano. Uma grande mulher.
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